Resumo
Espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória reumatológica, crônica, debilitante, pertencente ao grupo das espondiloartropatias soronegativas, com etiologia desconhecida, sem cura e caracterizada pela inflamação das articulações da coluna e grandes articulações (quadris, ombros, tornozelos, joelhos e coxofemorais), podendo acometer a Articulação Temporomandibular (ATM) em alguns casos (OLIVEIRA, 2007; SOUZA et al., 2008; POKHAI; BANDAGI; ABRUDESCU, 2014; AYDIN et al., 2015).
Acomete mais os caucasianos, do gênero masculino, (3 a 5 homens afetados para 1 mulher) e tem início no final da adolescência, começo da idade adulta, entre os 16 aos 35 anos. É muito rara quando iniciada após os 40 anos, porém não tão rara na sua forma juvenil, antes dos 16 anos, tendo baixa prevalência e incidência, apresentando risco ligeiramente aumentado para eventos cardiovasculares e mortalidade (OLIVEIRA, 2007; SHINJO; GONÇALVES; GONÇALVES, 2006; WANG; WARD, 2018). Os primeiros sintomas são lombalgias associadas à rigidez matinal, iniciando lentamente e persistindo por mais de 3 meses. Posteriormente, evolui para limitação dos movimentos lombares no plano frontal e sagital, além de diminuição da expansão torácica, sacroileítes, uveítes e cardiopatias. Os pacientes com EA são significativamente mais afetados pelos distúrbios do sono do que os indivíduos saudáveis, havendo uma relação direta entre atividade da doença e piora da qualidade do sono (SAMPAIO-BARROS et al., 2007; SHINJO; GONÇALVES; GONÇALVES, 2006; AYDIN et al., 2015; WANG, WARD, 2018).
O HLA-B27 é um antígeno de histocompatibilidade de um subtipo de um gene autossômico dominante, não hereditário, presente em 80 a 90% dos casos (GRAN; OSTENSEN, 1998; TOMOTANII et al., 2012; LIN; ZHU; JIN, 2018).
O envolvimento de articulações periféricas ocorre de 30 a 40% dos casos, afetando mais comumente joelho e tornozelo. Cerca de 28% apresentam manifestações extra-articular (LEE et al., 2018). O envolvimento da ATM apresenta índice de prevalência de 10 a 24%, chegando até 62% dos indivíduos (BENAZZOU et al., 2005). As alterações na ATM envolvem a mobilidade articular, erosão, aplainamento, esclerose e deslocamento da cartilagem articular, limitando a abertura bucal em até 40% dos indivíduos, embora não seja comum a anquilose dessas articulações (HELENIUS et al., 2004; HELENIUS et al., 2005; HELENIUS et al., 2006; TOMOTANI et al., 2012). Essas alterações articulares podem ser diagnosticadas através de exames de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética, sendo esta o padrão ouro devido à sua possibilidade da visualização das estruturas internas da cavidade articular. As imagens de ressonâncias magnéticas (IRM) avaliam o posicionamento do disco articular, além das alterações degenerativas, desarranjos internos e alterações ósseas na ATM (TANGANELI, 2008).
Poucos casos de espondilite anquilosante com o envolvimento da ATM são descritos na literatura (BENAZZOU et al., 2005; CHOW et al., 1997). Os sintomas podem ser subjetivos e deve sempre estar associado a um exame de imagem (CHOW et al., 1997; OHTA; MATSUMOTO, 2003).
A EA é uma doença crônica com boa perspectiva terapêutica por meio de fisioterapia, com exercícios e alongamentos, anti-inflamatórios não esteroidais e com o uso reservado aos anti-inflamatórios esteroidais (OLIVEIRA, 2007; SAMPAIO-BARROS et al., 2001; SAMPAIO-BARROS et al., 2007).