Resumo
Disfunção Temporomandibular (DTM), de acordo com a Academia Americana de Dor Orofacial (AAOP), é um termo coletivo que abrange vários problemas clínicos que envolvem a musculatura da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e suas estruturas. Seus sintomas mais frequentemente relatados pelos pacientes são: dores na face, ATM e/ou músculos mastigatórios, dores na cabeça e orelha. Outros sintomas são relatados como zumbido, plenitude auricular e vertigem (DE LEEUW, 2010). De acordo com Silva et al. (2016), a sensibilidade muscular através da palpação, abertura de boca restrita, movimentos mandibulares assimétricos e ruídos articulares estão entre os principais sinais e sintomas da DTM. É considerada como de etiologia multifatorial, frequentemente com queixa relacionada com dor na face, na mandíbula, no ouvido e na cabeça, podendo ser confundida com dores de origem otológica, neurológica e doenças infecciosas na região orofacial, sendo o diagnóstico diferencial fundamental (DE BOEVER et al., 2000).
A dor miofascial e mialgia são subtipos de DTM classificados pelo Critério de Diagnóstico de Pesquisa de Disfunção Temporomandibular (DC/TMD) Eixo I para descrever a dor de origem muscular mastigatória diagnosticada por meio de palpação (SCHIFFMAN et al., 2014). Segundo Guimarães (2012), a síndrome da dor miofascial (SDM) descreve uma condição de dor crônica de origem nos músculos da mastigação e tecidos conjuntivos adjacentes (fáscias), sendo uma desordem dolorosa regional, caracterizada pela presença de um ou mais pontos-gatilho miofasciais (PGm), que estando ativos, podem causar dor espontânea no tecido imediatamente adjacente, e/ou locais distantes. Seu diagnóstico é realizado por meio de palpação digital com compressão transversal às fibras musculares, em busca de regiões/bandas musculares tensas. Esse ponto de maior dolorimento no paciente deve ficar sob pressão contínua por pelo menos 10 segundos com o objetivo de reproduzir o padrão de dor relatada, sua dor familiar. Os pontos-gatilho miofasciais são resultados de uma sobrecarga muscular aguda ou traumas repetitivos menores (RAYEGANI et al., 2014).
Diferentes tratamentos conservadores são indicados para o controle das DTMs musculares, incluindo a termoterapia, TENS, agulhamento seco e terapia cognitiva comportamental (TCC). A termoterapia promove a vasodilatação do tecido muscular ajudando na oxigenação, relaxamento e analgesia deste. O calor úmido é aplicado por meio de bolsas de água quente por 20 minutos, três vezes ao dia, nos músculos da mastigação (FURLANI et al., 2015).
O objetivo da terapia cognitiva comportamental (TCC) é ensinar uma técnica de como lidar com a dor, reduzindo o impacto desta em seu estado físico e psicológico, melhorando sua qualidade de vida (GUIMARÃES, 2012).
A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é uma técnica segura e não invasiva que promove analgesia e diminuição da atividade eletromiográfica dos músculos da mastigação em repouso de paciente com DTM. Os eletrodos devem ser posicionados na origem ou o mais próximo possível do ponto álgico, dentro de um mesmo dermátomo, e sobre pontos-gatilho miofasciais (GROSSMANN et al., 2012).
Atualmente, a técnica mais estudada e utilizada para desativação de PGm nos músculos esqueléticos é o agulhamento seco, no qual uma agulha de acupuntura de filamento fino é diretamente inserida no ponto-gatilho sem uso de qualquer medicação (RAYEGANI et al., 2014; GUIMARÃES, 2012). São utilizadas agulhas curtas, descartáveis e individualizadas, cada uma envolvida por um tubo-guia de plástico que gera um estímulo tátil para amenizar a sensação da introdução da agulha no local do ponto-gatilho. No momento em que a agulha penetra no PGm, ocorre uma contração da banda muscular tensa seguida de seu relaxamento profundo (GUIMARÃES, 2012). A sensibilidade após o agulhamento e a recuperação são variáveis entre os pacientes, sendo que alguns relatam não mais sentir dor e sensação de peso na área.