Resumo
As reabsorções dentárias podem ser definidas como a perda de estrutura dental causadas por células odontoclásticas, podendo esse processo ser progressiva ou transitória (CONSOLARO, 2011). Diversos fatores etiológicos estão associados ao fenômeno da reabsorção dentária, incluindo os fatores traumáticos e∕ou infecciosos, podendo envolver tecidos pulpar, periodontal ou periodontopulpar. (ANDRASEN, 1985; GUNRAJ, 1999; CONSOLARO, 2011)
As reabsorções dentárias são manifestações com alterações locais e adquiridas, não estando associada a doenças sistêmicas e clinicamente tem progressão assintomática. (CONSOLARO, 2011)
Elas podem ser classificadas inicialmente em fisiológicas, que ocorrem principalmente em dentição decÃdua, quando esses passam por processo de esfoliação permitindo a erupção do elemento permanente, ou podem ser patológicas, o qual acometendo a dentição permanente pode levar a injúrias irreversÃveis e prognóstico desfavorável. As reabsorções patológicas podem ser subclassificadas em inflamatórias ou por substituição. Levando em consideração a complexidade das etiologias das reabsorções dentárias, a classificação para seleção de uma terapêutica torna-se dificultada. A classificação mais utilizada para esta finalidade é em função da superfÃcie e estruturas afetadas, sendo eles as reabsorções interna, quando tem inicio nas paredes da cavidade pulpar, reabsorções externas, quando possui inicio nas superfÃcies radiculares externa e as reabsorções perfurantes (interna∕externa) quando ocorre comunicação entre ambas as reabsorções. (ANDREASEN, 1985; LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2015)
O diagnóstico é realizado inicialmente por imagens radiográficas de rotina. As reabsorções internas apresentam área radiolúcida, geralmente de aumento uniforme e aspecto ovalada, alterando o contorno original do canal radicular. Já as reabsorções externas apresentam perda contÃnua de tecido dental radicular com áreas radiolúcidas irregulares sobre a superfÃcie radicular, e o contorno pulpar fica mantido (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2015).
Além das radiografias panorâmica e periapicais de rotina, as tomografias computadorizadas cone beam tem se tornado um importante e imprescindÃvel exame complementar para confirmação da presença de reabsorção, avaliação da natureza e auxiliar no planejamento para o caso. (PATEL et al., 2009)
Uma vez diagnosticada a presença de reabsorções, faz-se necessário estabelecer um planejamento e tratamento adequado, de maneira a proporcionar um melhor prognóstico possÃvel para o caso.
Nos casos de reabsorção dentária interna com ausência de perfuração radicular está indicada a terapia endodôntica com atenção especial na etapa de obturação, o qual se preconiza a técnica termoplastificada, para melhor adaptação. (PATEL et al., 2010; FUSS; TSESIS; LIN, 2003)
Quando diagnosticada a presença de reabsorções externas, o tratamento endodôntico também esta indicada com ênfase no combate a infecção, modelagem e uso de medicação intracanal. A medicação intracanal mais utilizada são as pastas de hidróxido de cálcio, que geralmente são trocadas após 7 dias do preenchimento inicial, realizando trocas até que não haja os sintomas clÃnicos. A obturação em casos de reabsorção externa não perfurante poderá ser realizada pelas técnicas convencionais não necessariamente com cimentos a base de hidróxido de cálcio. Já em casos de obturação externa perfurante, a obturação deverá preencher todo o canal e também a área reabsorvida. (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2015).
Um dos materiais reparadores mais utilizados na Endodontia tem sido o MTA (Mineral Trioxide Aggregate) por possuir excelentes propriedades como biocompatibilidade, insolubilidade em tecidos bucais, estabilidade dimensional, o que permitem a sua utilização em casos de reabsorções dentárias. (LOPES; SIQUEIRA JUNIOR, 2015).
O presente artigo relato um caso de reabsorção externa e interna, provavelmente de origem traumática, cuja opção de tratamento para a reabsorção externa foi o preenchimento completo com MTA via canal radicular, como alternativa para o tratamento cirúrgico.