Resumo
A literatura define como sucesso do tratamento endodôntico a ausência de periodontite apical e silêncio clínico observados ao longo do tempo (BERGENHOLTZ, 2016). Para obter um tratamento endodôntico com o resultado almejado, necessita-se de um diagnóstico apurado e bem conduzido, atrelado a uma boa instrumentação do sistema de canais radiculares levando em conta sua complexidade e possíveis variações anatômicas previstas na fase pré-operatória, ou seja, de planejamento e diagnóstico (HAN et al., 2014). Em casos de anatomias mais complexas e estudos clínicos mais aprofundados, os exames tomográficos são de extrema valia para uma melhor visualização e planejamento do tratamento endodôntico (VAZ DE – AZEVEDO et al., 2019).
A implantodontia foi pioneira na utilização da tomografia computadorizada na odontologia. Era um exame de alto custo, portanto, limitado a alguns profissionais. Entretanto, na década de 1990 a tomografia computadorizada de feixe cônico Cone Beam (TCFC) foi lançada e possibilitou uma delimitação da área de interesse (NASSEH; AL-RAWI, 2018). A navegação pelas imagens tomográficas realizada por meio de Softwares específicos permite uma análise tridimensional nos planos coronal, axial e sagital, precisando o diagnóstico por meio de imagens de alta qualidade (TIAN et al., 2014). A tomografia computadorizada fornece imagens por meio de FOV (field of view, ou campo de visão), o que delimita uma área de interesse de estudo e análise, diminuindo assim a exposição do paciente à radiação ionizante que garante um FOV específico por meio de incidência de raios colimados (NASSEH; AL-RAWI, 2018).
Um diagnóstico preciso da análise radiográfica deve ser capaz de identificar periodontite apical, para desta forma empregar o tratamento de eleição e buscar um resultado efetivo. Uma revisão sistemática analisou a capacidade de identificação de periodontite apical passíveis de tratamento endodôntico, na qual os métodos de radiografia periapical analógico ou digital foram classificados como bons métodos de diagnóstico variando sua efetividade entre 70 e 80%, porém a tomografia se mostrou excelente como método complementar ultrapassando 80% da capacidade de precisão diagnóstica (DUTRA et al., 2016).
Um estudo conduzido por Kakavetsos, V.D., Markou, M.E. e Tzanetakis, G.N. (2020) analisou em um período de um ano o número de encaminhamentos para exame tomográfico de especialistas em endodontia para planejamento de seus casos, bem como o impacto que o exame causou no tratamento final, no qual 17,3% dos casos avaliados mudaram seu tratamento após a avaliação desse exame imaginológico, com maior encaminhamento para casos com indicações cirúrgicas, confirmando assim a importância do mesmo para confirmação de diagnóstico de casos mais complexos e sua importância para diagnósticos assertivos.
Desta forma, a importância e indicação do exame tomográfico na fase de diagnóstico e planejamento na endodontia é vasta e se faz cada vez mais importante, sua indicação pode ser utilizada para análise da complexidade do sistema de canais radiculares, anomalias de desenvolvimento, casos de retratamento, lesões apicais, planejamentos cirúrgicos, análise de consequências traumáticas, dentre outras (BUENO et al., 2018).