Resumo
Trauma dental, restaurações profundas ou realizadas de maneira inadequada e cáries extensas estão entre as principais causas de necrose pulpar em dentes jovens (MORO et al., 2013). Ainda na atualidade, o tratamento endodôntico em dentes com rizogênese incompleta e necrose pulpar consiste em grande desafio para resolução clínica, uma vez que a interrupção no processo de maturação apical acarretará formação de paredes delgadas e divergentes para apical com conduto bastante amplo (MORO et al., 2013; BUENO; PELEGRINE, 2017). Tal fato dificulta o preparo químico-mecânico dos canais radiculares, prejudicando o processo de descontaminação, e dificulta em demasia o travamento do cone de guta-percha no momento da obturação, na maioria das vezes levando ao extravasamento do material obturador além forame.
Existem atualmente dois protocolos de apicificação (mediato e imediato), que visam criar uma barreira apical com posterior formação de tecido mineralizado e desenvolvimento continuado na porção apical do dente (BUENO; PELEGRINE, 2017), além de criar um ambiente favorável para o travamento do cone de guta-percha e manutenção do material obturador nos limites apicais, evitando, assim, seu extravasamento. A apicificação mediata consiste em fazer trocas sucessivas de hidróxido de cálcio, tendo em vista se tratar de um material com elevado pH (12,8), além de ser de fácil manuseio, baixo custo e apresentar propriedades de suma importância no processo de apicificação, como ser antimicrobiano e capaz de induzir a formação de tecido mineralizado (NIDDERMAIER; GUERISOLI, 2013). Entretanto, esse protocolo exige várias consultas, de forma que as trocas de hidróxido de cálcio podem durar de cinco a vinte meses (AGRAFIOTI et al., 2017), tornando o sucesso do tratamento diretamente relacionado à colaboração do paciente a longo prazo. Além disso, há o risco de recontaminação do canal radicular, caso ocorra falhas no selamento coronário entre as consultas. Outro fator a ser considerado é a diminuição da resistência à fratura do elemento dental, devido às trocas sucessivas do hidróxido de cálcio que podem levar a uma fragilidade das paredes dentinárias (AKHILA et al., 2020). O protocolo de apicificação imediata, por sua vez, foi proposto inicialmente por Torabinejad e Chivian (1999) e consiste na criação de uma barreira apical ou plug apical com mineral trióxido agregado (MTA) (AGRAFIOTI et al., 2017), um material que apresenta excelente biocompatilidade e induz a liberação de hidróxido de cálcio quando em contato com os fluidos teciduais, o que confere a esse material uma ação antimicrobiana, devido ao seu pH elevado, e ótima ação mineralizadora com formação de cementoblastos e osteoblastos, além da elevada resistência e bom selamento marginal (MORO; KOZLOWSKI JUNIOR; ALVES, 2013). Todavia, trata-se de um material de difícil manuseio e alto custo (AKHILA et al., 2020), o que por vezes limita sua utilização, apesar de apresentar altos índices de sucesso na literatura.
O presente caso clínico relatou um protocolo de apicificação imediata em um pré-molar inferior, em que se observou a formação de paredes dentinárias após o uso do MTA como plug apical.