Resumo
A instalação imediata de implantes em alvéolos pós-extração é uma prática clínica comum, com uma taxa de sucesso similar a dos implantes colocados em rebordos cicatrizados. As reabilitações implantossuportadas, como alternativa para dentes anteriores, constitui um dos maiores desafios para os implantodontistas, pois, além de restabelecer a função mastigatória, há também a necessidade de resgatar e manter uma estética gengival, a longo prazo, condizente aos dentes adjacentes (DEN HARTOG et al., 2008; KAN et al., 2011).
Em um primeiro momento, os implantes eram utilizados para reabilitação de áreas edêntulas e instalados somente dois a quatro meses após a extração dental. Por um período de até 6 meses, os implantes ficavam livres de cargas. No entanto, conforme mostra a literatura, após a exodontia, o alvéolo sofre uma redução considerável no seu volume, em um processo natural de remodelamento. Após esse período, com a provável redução do volume ósseo, cirurgias de enxertia óssea podem ser necessárias para oportunizar a colocação de implantes, o que representa um aumento significativo no tempo do tratamento, no custo para o paciente e nas etapas cirúrgicas (KAN; RUNGCHARASSAENG; LOZADA, 2003).
A previsibilidade dos resultados em longo prazo só será alcançada com o conhecimento e controle de todos os aspectos relevantes para a estabilidade tecidual. A manutenção da tábua óssea vestibular e das cristas ósseas proximais, bem como do nível gengival marginal, do volume e da estabilidade do tecido mole peri-implantar, tem sido considerado por vários autores (ARAUJO et al., 2008; CHU et al., 2015).
A possibilidade de executar implantes imediatos, sem retalhos, seguidos da instalação imediata de um provisório, oportuniza a manutenção do contorno tecidual e reduz, de forma significativa, o tempo de tratamento. Associar esses procedimentos à experiência clínica é fundamental para a obtensão de resultados favoráveis (TARNOW et al., 2014).
O melhor resultado estético de uma restauração implantossuportada em longo prazo também está associado a um correto posicionamento tridimensional do implante, a verificação da integridade alvéolar, a cirurgia sem retalho com provisionalização imediata e, principalmente, a qualidade do tecido mole que circunda estas estruturas (SCLAR, 2004; PUISYS; LINKEVICIUS, 2015).
Essa abordagem cirúrgica/protética objetiva minimizar os comprometimentos estéticos e funcionais que ocorrerão pela perda do elemento dental. As compensações cirúrgicas através do uso de biomateriais (no preenchimento do gap) e de enxertos de tecido conjuntivo (para melhorar o biótipo gengival), bem como a confecção protética de um correto perfil de emergência são indispensáveis para obtensão de um resultado favorável (STEIGMANN et al., 2014; CHU et al., 2015).
A estabilidade marginal e volumétrica do tecido mole é otimizada pelo o aumento da espessura desse tecido, criando as condições adequadas para o estabelecimento de um correto perfil de emergência (ROUCK et al., 2009; CHU et al., 2015).
Já a reabsorção da tábua óssea vestibular, que pode promover uma remodelação tardia, pode ser minimizada com o uso de biomaterial para preenchimento do gap (espaço entre o implante e a parede óssea vestibular) (CARMAGNOLA et al., 2000; CARVALHO et al., 2010; ARAUJO et al., 2008; TARNOW et al., 2014; CHU et al., 2015).
Será apresentado um relato de caso no qual a combinação de implante imediato pós-exodontia com preenchimento do gap com biomaterial e enxerto conjuntivo foi realizada no incisivo central que recebeu provisionalização imediata.