Resumo
De acordo com a Academia Americana de Periodontia, a recessão gengival é definida como o deslocamento apical da margem gengival em relação a junção cemento-esmalte, com exposição da superfície radicular ao meio bucal (AMERICAN ACADEMY OF PERIODONTOLOGY, 2001). Esta condição está associada à perda óssea alveolar e de fibras do tecido conjuntivo periodontal (SPAHR et al., 2005). Como consequência, estas lesões podem provocar sensibilidade dentinária, prejudicar a estética e aumentar a retenção local de biofilme devido à dificuldade de higienização, resultando em inflamação gengival e cáries radiculares (CARRANZA, 2007). Mais de 60% da população mundial pode apresentar recessões gengivais (DOMINIAK; GEDRANGE, 2014), tornando de suma importância seu diagnóstico e tratamento.
A etiologia da recessão gengival pode ser multifatorial e as principais causas são o trauma oclusal, trauma mecânico por escovação inadequada, inflamações gengivais derivadas do acúmulo de biofilme dental, biótipos ósseos e gengivais delgados, deficiência de tecido queratinizado, posicionamento e anatomia dental e inserções musculares próximas à margem gengival. (TUGNAIT; CLEREHUGH, 2001; ZUCCHELLI, 2012; LINDHE, 2005).
Clinicamente é possível encontrar um dente que apresenta recessão gengival isoladamente, um grupo de dentes acometidos ou lesões generalizadas em toda a boca (KASSAB et al., 2010).
A avaliação do grau e da extensão da recessão é determinante para o prognóstico do tratamento. A escolha da técnica cirúrgica deve basear-se na análise das seguintes características: recessões unitárias x múltiplas; região maxilar x mandibular; áreas anteriores x posteriores; recessões rasas x moderadas x profundas; quantidade de tecido queratinizado; volume das papilas; integridade do osso interproximal e presença x ausência de lesões cervicais. (CUNHA et al., 2014).
O tratamento das recessões gengivais consiste na remoção do agente causal seguido de intervenção cirúrgica adequada para cada caso. São descritas na literatura diversas técnicas para a manipulação da área receptora e também para a remoção do tecido da área doadora, quando necessário. Destacam-se as seguintes técnicas: enxerto gengival livre, enxerto subepitelial de tecido conjuntivo, técnica da tunelização associada ao deslocamento coronal e retalho semilunar (ALGHAMDI et al., 2009).