Resumo
A busca pela harmonia do sorriso ocupa um lugar de relevância na Odontologia, uma vez que os pacientes almejam um sorriso esteticamente agradável (Becerra et al., 2011). Técnicas e materiais restauradores permitem a reprodução das estruturas dentais, permitindo-se recriar a forma e função de maneira imperceptível (MARTOS et al., 2012).
Defeitos no esmalte dental podem comprometer a estética do sorriso (KIEDORF et al., 2012). A formação do esmalte ocorre pela atividade dos ameloblastos durante a amelogênese (KIEDORF et al., 2012). Por serem células muito sensíveis, podem ser afetadas por qualquer fator exógeno ou endógeno, podendo alterar o esmalte dental (SEOW et al., 2007; PINHEIRO et al., 2003), o qual não sofre remodelação e pod comprometer a forma e/ou a cor dos dentes permanentemente (Hoffmann et al., 2007).
O esmalte hipoplásico pode se apresentar com manchas brancas, alterações de rugosidade, irregularidades e até mesmo manchas amolecidas (Seow et al., 1997; Pinheiro et al., 2003), que pode ser acompanhada de uma deficiência na quantidade e qualidade do esmalte (SHAFER et al., 1987; SEOW et al., 1991; PITHAN et al., 2002; Ruschel et al., 2009). Fatores genéticos e influências ambientais sobre os ameloblastos do germe dentário podem causar esse defeito no esmalte, e sua localização e extensão irão depender da intensidade e duração do estímulo (Bevilacqua et al., 2010).
A hipoplasia do esmalte pode ser classificada, de acordo com sua etiologia, como: genética, sistêmica ou local. Quando caracterizada como genética, pode ser transmitida com caráter dominante, podendo afetar ambas as dentições, decídua ou permanente (Shafer et al., 1987); fatores sistêmicos como deficiências nutricionais, deficiências de vitamina A, parto prematuro, sifilis congênitas e ingestão de medicamentos como tetraciclina, podem ocasionar a hipoplasia do esmalte. A hipoplasia de origem local pode ser devido a alguma infecção periapical e/ou traumatismo dentário (Chagas et al., 2007)
Clinicamente, a hipoplasia do esmalte acomete mais o terço médio dos dentes permanentes (Ribas et al., 2004), e o tecido apresenta fossas profundas, sulcos horizontais ou verticais, bem como áreas com ausência parcial ou total de esmalte ou desenvolvimento de uma linha horizontal circundando a coroa (Chegas et al., 2007). Pode levar à sensibilidade dentária aumentada, maloclusão e predisposição à cárie (Chagas et al., 2013). Não existem achados clínicos na radiografia do esmalte afetado por hipoplasia (Souza et all., 2009).
O tratamento da hipoplasia do esmalte irá depender da severidade dessa anomalia, e diferentes protocolos de tratamento podem ser empregados, desde clareamento dos dentes, microabrasão, restaurações estéticas diretas, facetas indiretas e coroas unitárias (Gosnell et all., 2013; Salanitri et all., 2013). Portanto, o objetivo desse trabalho foi apresentar um relato de caso clínico sobre a hipoplasia de esmalte, o qual comprometia a estética do sorriso e que foi solucionado com a realização de uma restauração do tipo faceta direta em resina composta.