Resumo
Na Odontologia contemporânea existe uma gama de materiais para a reabilitação protética dos pacientes (HATAI, 2014).
As cerâmicas odontológicas são materiais que têm sido cada vez mais utilizados devido a sua capacidade de mimetizar os dentes naturais (GOMES et al., 2008). Com o aumento da demanda por tratamentos estéticos houve o estímulo à pesquisa e ao aprimoramento das cerâmicas livres de metal (HEDGE et al., 2011).
As cerâmicas livres de metal possuem propriedades favoráveis, como: resistência à compressão, condutibilidade térmica, semelhança aos tecidos dentais, radiopacidade, integridade marginal, estabilidade de cor, biomimetismo, estética, dentre outras, de modo que diferem, tanto em características estéticas como funcionais, conforme o sistema cerâmico utilizado, podendo prevalecer uma ou outra característica com base na composição da cerâmica (AMOROSO et al., 2012). Tais cerâmicas podem ser classificadas de acordo com a sua composição em relação à presença ou não de sílica. Existem as cerâmicas vítreas (à base de sílica) que são: as feldspáticas, as cerâmicas reforçadas por leucita e as de dissilicato de lítio. As cerâmicas que não possuem sílica são denominadas policristalinas, tais como: alumina e zircônia (GOMES et al., 2008).
As cerâmicas feldspáticas foram as pioneiras. Esses tipos de cerâmicas apresentam translucidez e coeficiente de expansão térmica semelhante ao dos dentes (MIYASHITA et al., 2006). Por apresentarem uma fase vítrea proporcionalmente maior do que a fase cristalina, conseguem reproduzir a estética de forma mais harmônica, com nuances de translucidez do esmalte mais detalhadas e naturais (BISPO, 2015). Funcionalmente, essas cerâmicas são resistentes à degradação hidrolítica e à compressão, entretanto apresentam uma baixa resistência à tração e flexão. Por isso, é necessária sua associação com uma infraestrutura metálica ou com uma cerâmica reforçada (MIYASHITA et al., 2006).
No intuito de reforçar a estrutura da cerâmica, partículas cristalinas foram adicionadas à cerâmica feldspática. A introdução dos novos sistemas reforçados por cristais, tal como a cerâmica de dissilicato de lítio, propiciou a expansão da utilização da cerâmica livre de metal. Na cerâmica de dissilicato de lítio os cristais destes estão densamente dispostos e unidos a uma matriz vítrea (SATO et al., 2016). Tais cristais ocupam até 70% de volume da cerâmica, melhorando suas propriedades mecânicas. Isso permite que tal material seja indicado, tanto para restaurações monolíticas como para infraestrutura (ALTO et al., 2018).
A cerâmica de dissilicato de lítio apresenta uma boa resistência mecânica, em torno de 300 e 400 MPa, estética (GOMES et al., 2008) e tem como característica o fato de ser prensada ou fresada pela tecnologia CAD-CAM (WILLARD; CHU, 2018). Dessa forma, ela apresenta propriedades benéficas que proporciona a sua utilização na reabilitação oral. Em contrapartida, com o aumento da fase cristalina em sua composição, diminui a translucidez da peça protética (BISPO, 2015). Sendo assim, buscando alternativas que atendam aos requisitos de resistência e estética, coadjuvar dois tipos de cerâmica, aliando características de um material cerâmico a outro torna-se uma alternativa favorável na reabilitação protética.
Diante do exposto, o propósito deste artigo é relatar um caso clínico de reabilitação estética anterior com coroas com coping de dissilicato de lítio associada à cobertura de cerâmica feldspática.