Resumo
Devido às exigências estéticas atuais, a odontologia moderna necessita a cada dia de técnicas minimamente invasivas na reconstrução dos tecidos periodontais e peri-implantares. A recessão gengival é definida pela migração apical de margem gengival em relação à junção cemento-esmalte (LANGER; LANGER, 1985; AAP, Glossário de Termos Periodontais, 2001). É uma lesão multifatorial e ocorre sobre uma ou mais faces de um dente. Além do comprometimento estético, as recessões podem predispor um indivíduo a problemas funcionais, como a hipersensibilidade dentinária e cárie radicular (WENNSTRON, 1996). O fator etiológico da recessão gengival é a presença da inflamação gengival, causada pela presença do biofilme dental ou a um trauma (LANG; LÖE, 1972; BAKER; SEYMOUR, 1976; BALDI et al., 1999; SALETTA et al., 2001). Os principais fatores predisponentes para esse tipo de lesão são: espessura do tecido gengival, posicionamento dentário e frênulos que se inserem na margem gengival (ZUCCHELLI, 2016). As recessões gengivais foram classificadas por Miller, 1985, em quatro grupos, levando em consideração a importância da altura do osso proximal, possibilitando avaliar a previsibilidade do recobrimento radicular. Na classe I de Miller, a recessão é restrita à gengiva inserida, não se estendendo à linha mucogengival. Não há perda de osso ou tecido mole interproximal. A classe II atinge ou ultrapassa a linha mucogengival, não havendo perda óssea ou de tecido mole interproximal. Nas classes I e II é possível um recobrimento total após procedimentos cirúrgicos. A classe III atinge ou ultrapassa a linha mucogengival, estando associada à perda óssea interproximal, coronal à extensão da recessão gengival e está presente nos casos de mau posicionamento dentário. Nos casos de recessão classe III somente o recobrimento parcial pode ser esperado. A recessão gengival classe IV atinge ou ultrapassa a linha mucogengival, estando sempre associada à perda óssea interproximal. Os tecidos proximais estão situados no mesmo nível da base da recessão e essa implica mais de uma face do dente envolvida. Nenhum recobrimento é possível.
A técnica de VISTA (Vestibular Incision Subperiosteal Tunnel Access) para o recobrimento radicular é uma solução interessante para abordagens menos invasivas. A intervenção cirúrgica inicia-se por meio de uma incisão vestibular. A localização varia de acordo com o sítio a ser tratado. Na região anterior, o frênulo da linha média é uma localização ideal. A incisão é feita de forma linear por meio do periósteo. Em seguida, é elevado um retalho de espessura total, com tunelizadores, para criar um túnel subperiosteal. Este túnel deve se estender para 1 ou 2 dentes, aumentando a mobilidade do retalho, é importante estender o túnel, além da margem gengival e na região interproximal de cada papila para permitir um reposicionamento coronal do tecido com uma menor tensão (ZADEH, 2011).