Resumo
O ácido hialurônico é um mucopolissacarídeo, hidrofílico, de aspecto gelatinoso, altamente viscoso encontrado em tecidos conjuntivos de mamíferos. Medicinalmente é utilizado em tratamento de doenças degenerativas e inflamatórias que acometem as articulações dos ossos na oftalmologia, e como lubrificante natural e preenchimento dérmico, na dermatologia (KIM et al., 1996; OGRODOWSKI, 2006).
Quimicamente, apresenta-se como uma molécula excepcionalmente grande e pesada, de carga negativa, de dois açúcares simples modificados, ácido glucorônico e N-acetilglucosamina, classificado como um glicosaminoglicano. O ácido hialurônico assume um papel versátil no organismo, está presente em quase todas as células do corpo humano oscilando em concentração, função e ciclo de vida em cada região do corpo. Seu processo de degradação é relativamente curto, tendo em média três dias para ser expelido (COVAS, 2014; OGRODOWSKI, 2006). O ácido hialurônico é capaz de reduzir significativamente a proliferação celular e de infiltrado inflamatório no epitélio, além de atuar favorecendo o infiltrado inflamatório linfoplasmocítico (MANSOURI et al., 2001), organiza, também, a disposição de colágeno, o que favorece a diferenciação celular, propiciando uma cicatrização com mínima fibrose e retração de tecido (ENGSTRÖM et al., 2001).
A utilização do ácido hialurônico em procedimentos odontológicos foi permitida pelo art. 1⁰ da Resolução CFO-146/2014, em que se ressaltou a exigência de haver reconhecida comprovação científica, retificando a Resolução CFO-112/2011 vigente que proibia seu uso (CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA, 2011).
Estudos com o objetivo de compreender o funcionamento do ácido hialurônico em tecidos periodontais vêm sendo desenvolvidos e seus possíveis benefícios ratificados. Apresenta-se com viabilidade no ligamento periodontal, aumentando a proliferação e diferenciação osteogênica, o que o aponta como um possível fator de interferência na regeneração periodontal (FUJIOKA-KOBAYASHI et al., 2017). Possui também um papel relevante na regeneração celular, podendo melhorar a neoformação óssea em defeitos críticos (DE BRITO BEZERRA et al., 2012), além de haver um potencial efeito bacteriostático em tratamento de periodontites crônicas leves (PILLONI et al., 2011).
A aplicação de ácido hialurônico com o intuito de suavizar a aparência de “black space” é uma realidade clínica, que resulta em uma melhora eficaz, em 6 meses, da perda papilar interdentária (AWARTINI; TAKAKIS, 2015). Porém, é necessário que novos estudos sejam realizados, com maior amostragem, para que seja possível definir um protocolo de aplicação, indicação correta e durabilidade do tratamento (PRATO et al., 2003), visto que estudo mostra que apenas 54% dos pacientes definiram a aplicação de ácido hialurônico com essa finalidade como clinicamente significante (BECKER et al., 2010).