Resumo
Do ponto de vista biológico, após a perda atraumática do elemento dentário, o osso alveolar residual sofre um processo de remodelação. Em área estética, principalmente, o tecido mole de sustentação representa um aspecto extremamente relevante para o sucesso dos implantes e pode ser considerado como um dos principais fatores motivadores para os pacientes valorizarem a terapia reabilitadora com implantes nesta região (HINGSAMMER et al., 2018).
Se considerarmos que a espessura gengival é um fator decisivo para a obtenção de resultados estéticos e estáveis ao redor das restaurações implantossuportadas, principalmente quando planejadas em áreas estéticas, admitimos que a mucosa peri-implantar delgada está diretamente relacionada ao risco de recessão e transparência gengival. Por isso, o fenótipo tecidual não limita a instalação de implantes imediatos, porém, algumas vezes, sendo indicada a associação de enxerto de tecido conjuntivo para o aumento de espessura tecidual nos casos de fenótipo delgado ou intermediário (JOLY, 2015).
O volume dimensional da crista óssea alveolar sofre alterações mesmo se os implantes forem inseridos imediatamente no alvéolo fresco. Na maxila anterior, sempre que possível, os implantes devem ser instalados em uma posição tridimensional ideal para garantir resultados funcionais e estéticos ideais, pois os processos de reabsorção pós-extração do elemento dentário podem comprometer os resultados estéticos, sendo necessário subsídios de enxertos ósseos e de tecidos moles (LEE; POON 2017).
No entanto, inserir implantes em uma posição tridimensional correta por meio de técnicas convencionais à mão livre tem se mostrado desafiador, principalmente em regiões estéticas. Corroborando para tal fato, assim, a cirurgia guiada foi introduzida na década de 1980 a fim de permitir a transferência do planejamento virtual de implantes dentários para a realidade clínica cotidiana, e tendo como principal atrativo, cirurgias sem a necessidade de incisões, levantamento de retalhos e suturas (MAGRIN et al., 2019).
O segredo da técnica está na utilização de um guia cirúrgico de design auxiliado pela combinação de um software, associado a imagens tomográficas e fabricação assistida por uma impressora CAD/CAM em 3D, permitindo o desenvolvimento de guia estático, um dispositivo acrílico adaptado sobre dentes e gengivas orientando o cirurgião o exato local e a profundidade que cada implante deverá ser instalado, atingindo uma precisão previsível na inserção de implantes dentários (PANCHAL et al., 2019).
A cirurgia guiada de implantes dentários sem retalho é relativamente de curta duração, com baixas taxas de complicações e rápida cicatrização pós-cirúrgica, com menor desconforto e edema (SON; HUANG; LEE, 2019), bem como seu planejamento pré-operatório com implantação virtual guiada permite mais benefícios em relação ao posicionamento do implante e evita acidentes com estruturas vitais, como vasos e nervos (SCHELBERT et al., 2019).
A precisão e a simplicidade da técnica de guias cirúrgicos são fatos notórios, porém, foi mencionada uma pequena discrepância angular entre a posição do implante virtual e a posição clínica real, mesmo assim, significativamente menor em comparação às cirurgias convencionais. Assim sendo, é sugerida a utilização de dois ou mais dentes imóveis para o apoio dos guias, para que se reduzam os valores dos desvios. Tal fenômeno pode ser corroborado, visto que as guias suportadas por dentes apresentam resultados mais precisos que guias apoiadas por osso ou mucosa (EL KHOLY et al., 2019).