Resumo
A instalação de implantes imediatos é uma opção viável atualmente e advém das pesquisas e da experiência clínica, o que possibilitou uma mudança de paradigmas, primeiro com os implantes imediatos na região anterior e mais recentemente em áreas posteriores, especialmente para substituir molares condenados (LANG et al., 2012). A região posterior edêntula representa um desafio para a implantodontia. A perda do osso alveolar em altura decorre principalmente de dois motivos; doença periodontal e a perda da unidade dental (KIM; YOON, 2017).
A instalação imediata de implantes oferece inúmeras vantagens, tais como: redução do tempo de reabilitação, menor número de sessões clínicas e uma condição de instalação do implante em uma posição axial ideal (CHRCANOVIC; ALBREKTSSON; WENNEBERG, 2015). Matarasso et al. (2009) avaliaram as alterações dimensionais da crista alveolar após a colocação imediata do implante em sítios de molares. Doze implantes foram instalados imediatamente após as exodontias dos molares e executados os procedimentos de regeneração óssea guiada. Foram estabelecidas algumas medições logo após a instalação dos implantes e comparadas com novas medidas por ocasião das cirurgias de reabertura. Os autores atestaram o completo preenchimento dos defeitos marginais e a osseointegração de todos os implantes, e observaram que a remodelação das paredes vestibulares foi mais acentuada em relação às paredes linguais.
Um estudo retrospectivo analisou dados clínicos e radiográficos de 116 pacientes que receberam implantes em sítios de pré-molares e molares. Os implantes foram acompanhados por um tempo médio de três anos. Os autores compararam 85 implantes imediatos com 147 implantes tardios e relataram que não houve diferenças estatísticas significantes com relação à sobrevivência dos implantes e à perda óssea cervical (POC) entre os dois grupos, com exceção do lado distal onde a POC foi significativamente menor no grupo dos implantes tardios. O estudo considerou que os implantes imediatos em sítios de dentes posteriores apresentam bons resultados clínicos e radiográficos (KIM; YOON, 2017).
Uma nova técnica denominada osseodensificação foi desenvolvida por Huwais e Meyer (2017). Esta técnica utiliza um conjunto de brocas especiais fabricadas pela DENSAH. A deformação plástica do osso preconizada pela técnica tem o intuito de provocar uma osseocondensação reduzindo as osteotomias por deformação viscoelástica, e assim promover uma compactação do osso medular sobre as paredes ósseas laterais e apicais. Em 2016, o mesmo autor comparou três técnicas de osteotomia em tíbia de suínos utilizando brocas padrão, brocas de osseodensificação girando em sentido horário e brocas de osseodensificação em sentido anti-horário, promovendo a compactação óssea. Este estudo confirmou a hipótese de que a técnica de densificação óssea aumenta a estabilidade, densidade mineral óssea e porcentagem de osso na superfície do implante em comparação com a perfuração convencional. A força de torque para inserção, assim como a de remoção do implante instalado pela técnica da osseodensificação, apresentou um aumento significativo quando comparada às outras técnicas estudadas.
Padhye, Padhye e Bhatavadekarc (2020), em uma revisão com base na Pubmed, selecionaram doze trabalhos, sendo que a maioria desses estudos não era clínico, e concluíram que a osseodensificação é uma forma eficiente de aumentar a estabilidade primária de implantes em osso de baixa densidade em modelo animal. Porém, considerou que a comprovação da eficiência da técnica no uso clínico ainda carece de mais evidências.
Além da compactação óssea em que fragmentos de osso autógeno preservado são empurrados apicalmente e lateralmente, devido ao movimento anti-horário da broca, o que promove o que alguns autores chamam de autoenxerto e aumenta a estabilidade primária do implante, a técnica de osseodensificação pode favorecer a expansão da crista alveolar diminuindo assim a necessidade de utilização de outros procedimentos, tais como a regeneração óssea guiada.
Em um estudo retrospectivo Koutouzis et al., (2019) avaliaram a expansão da crista óssea utilizando a técnica da osseodensificação. Neste estudo, 21 pacientes foram selecionados e 28 implantes instalados. Houve uma diferença significativa no valor médio de expansão no aspecto coronal da crista entre os grupos, sendo que o grupo 1 em que a crista média de 3-4 mm, foi o que teve uma maior expansão óssea correspondente a 75% da medida inicial. O autor considerou benéfica a utilização da osseodensificação para expansão da crista alveolar, embora tenha salientado que em uma crista extremamente delgada e com o osso tipo I, a possibilidade do estresse produzido durante a fresagem possa levar a microfraturas da cortical óssea, sendo então necessária a regeneração prévia à osseodensificação. Neste contexto, o objetivo do presente estudo é relatar a colocação de implante imediato em área posterior pela técnica da osseodensificação.