Resumo
Na prática clínica é comum nos depararmos com pacientes que possuem pouca estrutura óssea oral disponível, normalmente, decorrente de perdas dentárias: por exodontias, doenças periodontais, lesões tumorais ou traumatismos. Esta deficiência óssea é bastante limitante para reabilitações com implantes osseointegrados (CHIAPASCO, M.; CASENTINI, P.; ZANIBONI, M., 2009). As alterações volumétricas ósseas estão na ordem de 29-63% em termos horizontais e entre 11-22% no aspecto vertical, após 6 meses das perdas dos elementos dentários (TAN et al., 2012).
Em rebordos ósseos alveolares com deficiências verticais, podem ser empregadas algumas alternativas de tratamento, entre elas: implantes curtos (menores que 7 mm), lateralização do nervo alveolar inferior, enxertos autógenos em bloco, distração osteogênica, Regeneração Óssea Guiada (ROG), uso de fatores de crescimento e engenharia tecidual (SALETTA et al., 2019; NISAND; PICARD; ROCCHIETTA, 2015). A lateralização do nervo alveolar inferior possui um alto risco de complicações neurossensoriais (VETROMILLA et al., 2014). O uso de enxertos autógenos em blocos intraorais para tratar defeitos ósseos verticais apresenta resultados imprevisíveis (PLONKA; URBAN; WANG, 2018). A técnica da distração osteogênica pode ser utilizada para aumentos ósseos verticais, entretanto, a alta taxa de complicações demanda cautela (ZHAO et al., 2018). O aumento ósseo da crista alveolar, alcançado por meio da ROG tem mostrado resultados estáveis, com comprovada evidência científica (TAN et al., 2012). A técnica da ROG, com o uso da membrana foi inicialmente descrita, em estudo experimental, há 30 anos (DAHLIN et al., 1989). O princípio básico da ROG envolve a utilização de uma barreira mecânica, uma membrana sobre o material enxertado, para sua proteção e estabilização. O uso de membranas como barreira tecidual evita a invasão de fibroblastos e consequentemente favorece o crescimento de tecido ósseo na região em que este deve estar presente. A membrana, portanto, impede que células não osteogênicas do tecido conjuntivo circundante ao se multiplicarem mais rapidamente, infiltrem-se na região do defeito, interferindo na cicatrização óssea (DAHLIN et al., 1990). Diversas membranas foram desenvolvidas para uma variedade de funções e aplicações clínicas, e podem ser agrupadas, basicamente, em dois tipos: reabsorvível (de origem natural ou sintética) ou não reabsorvível (sintética). As membranas reabsorvíveis oferecem a vantagem de serem absorvidas pelo corpo, contudo, normalmente não oferecem a devida resistência para utilização em aumentos ósseos verticais. As membranas não absorvíveis incluem a tela de titânio e as membranas de politetrafluoretileno (PTFE) com ou sem reforço de titânio. Uma desvantagem do uso desse tipo de membrana é a necessidade de sua remoção, em um segundo procedimento cirúrgico. No entanto, essas membranas proporcionam uma função de barreira eficaz, em termos de proteção do enxerto e de biocompatibilidade. Portanto, são mais indicadas para tratamentos de regenerações ósseas verticais.
Quando essa insuficiência óssea é no sentido vertical e em região estética, além do fator limitante do tratamento, há o componente estético e psicológico envolvido. O caso clínico apresentado nesse capítulo é de uma regeneração óssea de um defeito vertical, em região estética de maxila anterior.