Resumo
Ao longo das últimas três décadas, o sucesso do implante foi avaliado pela taxa de sobrevivência, estabilidade da prótese, perda óssea radiográfica e ausência de infecção nos tecidos moles peri-implantares. (ALBREKTSSON et al., 1986). Desde então, os novos parâmetros foram introduzidos para avaliar o sucesso na realização de restaurações de implantes realistas. Estes incluem o estado de saúde e a aparência natural dos tecidos moles peri-implantares, bem como parâmetros de reabilitação protética, estética e satisfação do paciente (FÜRHAUSER et al., 2005).
Embora a previsibilidade dos implantes tenha melhorado, uma das consequências da popularização do uso de implantes é o aumento do número e da gravidade das complicações, principalmente pela não observação dos seguintes critérios: a estabilidade primária, o correto posicionamento tridimensional, a quantidade óssea disponível na região, e ainda, não menos importante, o biótipo tecidual e a técnica cirúrgica utilizada somados à inexperiência do cirurgião dentista.
As complicações podem ser classificadas como iatrogênicas ou anatômicas. As iatrogênicas incluem: a seleção inadequada de implantes, o mal posicionamento tridimensional, abordagens cirúrgicas que ultrapassem a capacidade de cicatrização da taba óssea vestibular, uso indevido ou nãouso de restaurações provisórias para moldar os tecidos moles peri-implantares, uso inadequado de componentes protéticos ou materiais para a fabricação de restaurações. As causas anatômicas incluem: deficiências ósseas horizontais ou verticais no local do implante, deficiências ósseas verticais nas superfícies radiculares adjacentes, locais de implantes com vários dentes em falta que conduzem ao posicionamento de implantes adjacentes (BUSER, 2009)
As complicações também podem ser classificadas como biológicas ou estéticas. As biológicas são mais desafiadoras. Estão relacionadas à contaminação bacteriana e ao difícil processo de descontaminação. Estas podem deixar graves sequelas teciduais. As complicações estéticas são as mais questionadas pelos pacientes e são decorrentes da falta de um planejamento reverso, incapacitando uma visualização previa da fase protética. Normalmente os erros estão associados aos três pilares da implantodontia estética: posição tridimensional dos implantes, deficiência tecidual (óssea e/ou tecido mole) não corrigida e ao manejo protético incorreto. Dentre os três pilares, o mais importante é sem dúvida, o posicionamento tridimensional do implante. Além de exercer uma forte influência nos demais, é um fator decisivo para definir a opção do tratamento (JOLY et al., 2015).
Quando um implante está mal posicionado, pode ser muito difícil ou mesmo impossível de alcançar estética satisfatória e resultados protéticos funcionais. Nestes casos, na maioria das vezes, é necessária a remoção do mesmo (CHEN; BUSER, 2009). Se estiver vestibularizado, por exemplo, o risco de recessão gengival triplica (EVANS; CHEN, 2008).
Dentre as alternativas para tratamento das complicações temos: Prótese dentogengivais, reconstrução tecidual, sepultamento definitivo ou temporário, reposicionamento cirúrgico e, por fim, a explantação dos implantes (JOLY et al., 2015).
A instalação de implantes em uma posição tridimensionalmente ideal pode minimizar a necessidade de cirurgias mucogengivais, porém, não eliminá-las por completo, uma vez que as características anatômicas na região peri-implantar estejam comprometidas. Antes da instalação de implantes, alguns fatores devem ser analisados a fim de otimizar os resultados estéticos: linha do sorriso, fenótipo periodontal adjacente, topografia óssea do rebordo edêntulo, além da antecipação da forma, posição e tipo de restauração protética e procedimentos cirúrgicos necessários (MELLO DIAS et al., 2016).
Um fator de risco que pode causar a perda óssea e consequentemente recessão gengival é o biótipo gengival fino, e não pode ser negligenciado pelo implantodontista (LINKEVICIUS et al., 2009).
As razões para a extração dental (falha endodôntica, doença periodontal avançada, trauma, fratura radicular) são frequentemente associados com severa reabsorção do osso alveolar e perda de tecido mole. Assim, o objetivo do tratamento com implantes deve englobar também a reconstrução dessas estruturas perdidas (PIERI et al., 2013).
A terapia para tecido mucoso previamente ou concomitantemente à instalação de implantes emprega várias técnicas para aumentar a quantidade do tecido gengival. Enxerto gengival livre, enxerto de tecido conjuntivo ou uma combinação de ambos também podem e devem ser utilizados nesta fase para melhorar os resultados estético final (MELLO DIAS et al., 2016).