Resumo
Com o advento da implantodontia na década de setenta, novas soluções foram propostas para a reposição de dentes perdidos. Nesta época, os critérios de sucesso para implantes dentários eram ausência de dor, osseointegração e possibilidade dos mesmos de aumentar a retenção de próteses totais (BRANEMARK et al., 1977).
Estudos de décadas como os de ALBREKTSSON et al. (1986) consolidaram a osseointegração. Porém, com o avanço de novas tecnologias, como: diferentes desenhos de implantes, novos biomateriais, a reconstrução óssea guiada e técnicas de remoção de tecido mole, estudadas por BUSER et al. 91991), BUSER (19970, LEKHOLM (2001) entre outras, os parâmetros de sucesso dos implantes dentários evoluíram. O conceito de sucesso foi revisto e a implantodontia de excelência é hoje uma exigência.
Inúmeros casos envolvendo complicações estéticas, funcionais e biológicas têm trazido preocupações relacionadas às reabilitações implantossuportadas (FROUM et al., 2011)
Diante disto, o retratamento de implantes dentários vem se tornando rotina na prática clínica. Isso ocorre porque os critérios de sucesso deste tratamento não mais se resumem somente à osseointegração e ausência de dor. Para um implante dentário ser considerado como sucesso clínico, o mesmo tem que apresentar osseointegração aliada à função e estética. Um sorriso estético considerado ideal deve estar relacionado à harmonia entre a forma e contorno, tanto das estruturas dentais quanto das periodontais
Grande importância tem sido dada aos tecidos vizinhos à reabilitação. É fundamental a compreensão pelo profissional de que a excelência do tratamento se baseia no conjunto implante-coroa-tecido gengival, e não apenas no ato de se construir belas coroas cerâmicas sobre implantes (FRANCISCHONE; CARVALHO; FRANCISCHONE JUNIOR, 2013).
O posicionamento do término do preparo é de grande importância na transição entre a estética branca e a rosa. (LOE 1963). Na região anterior da maxila, o posicionamento do implante será determinado pela necessidade de maximizar tanto a estética quanto a função. Alguns fatores devem ser estudados no pré-operatório, como: linha do sorriso, suporte labial, simetria facial, quantidade e qualidade de tecidos moles, perfil de emergência, tipo de componentes protéticos a serem usados e contorno futuro da restauração final (ASKARY, 2004)
Um planejamento reverso, capaz de visualizar a finalização protética da reabilitação, torna-se um instrumento fundamental para o sucesso dessas reabilitações. Como consequência da falta desse planejamento, poderão surgir sequelas associadas aos erros de posicionamento tridimensional dos implantes, à presença de deficiências teciduais (ósseas e/ou tecidos moles) e ao manejo protético inadequado (JOLY; CARVALHO; DA SILVA, 2015).
A maioria dos problemas estéticos nas reabilitações implantossuportadas situam-se na região cervical das coroas protéticas. Esses defeitos estão associados à deficiência de tecido marginal e alterações de cor. Para correção de defeito estético, em casos de recessão marginal, uma alternativa é optar, na primeira etapa, apenas pela colocação de um parafuso de cobertura para melhorar o posicionamento da margem. Essa manobra simples é utilizada com o objetivo de reduzir a recessão ou até mesmo promover o fechamento espontâneo dos tecidos na região coronal do implante (JOLY; CARVALHO; DA SILVA, 2015)
O uso de biomateriais associado a enxerto de tecido conjuntivo é de grande valia para a obtenção de volume vestibular e mudança do fenótipo gengival. O Bio-Oss® é uma hidroxiapatita bovina mineral, e devido às suas propriedades osteocondutoras, atua como um arcabouço, permitindo a neoformação de capilares, de tecido perivascular e migração de células oriundas do leito receptor (SU-GWAN; HAK-KYUN; SUNG-CHUL, 2001). O uso de enxerto de tecido conjuntivo subepitelial no momento da instalação do implante imediato na zona estética é uma opção de tratamento efetivo para compensar a esperada perda de volume vestibular e manter um bom resultado estético ao longo do tempo (GRUNDER, 2011)
O profissional que executa uma reabilitação com implantes, principalmente em área estética, deve estar consciente de que a previsibilidade do resultado estético é mais dependente das características teciduais do paciente do que da habilidade do cirurgião em realizar procedimentos clínicos complexos (KOIS, 2001).