Resumo
O procedimento que inclui a “colocação do implante imediatamente após a exodontia, como parte do mesmo procedimento cirúrgico” foi identificado como Implante de Tipo 1 ou “implante imediato” (HÄMMERLE et al., 2004).
Em comparação com a colocação de implantes em áreas de rebordo cicatrizadas, as vantagens da técnica seriam: 1. Redução do tempo total de tratamento. 2. Menor quantidade de procedimentos cirúrgicos. 3. Ótima disponibilidade de osso existente que permita a estabilidade primaria do implante (CANEVA et al., 2010).
Sem dúvida, a redução do tempo de tratamento e a supressão de um procedimento cirúrgico são vantagens reais, mas não devem suplantar o risco de complicações quando nos defrontamos com situações limítrofes, associadas, por exemplo, à presença de defeitos ósseos extensos, recessões gengivais profundas e infecções ativas (NEMCOVSKY et al., 2002).
A estabilidade primária de implantes instalados em rebordos cicatrizados, em um primeiro momento, parece maior que a dos implantes imediatos, porém, os resultados em longo prazo não estão influenciados (PALLATELLA; TORSELLO; CORDARO, 2008; WEST; OATES, 2007)
Lindquist et al. (1988), von Wowern et al. (1990), Denissen & Kalk (1991), Werbitt e Goldberg (1992) e Denissen et al. (1993) propuseram a hipótese de que os implantes imediatos poderiam evitar a reabsorção óssea secundária à extração dentária.
A validez dessa afirmação não foi suportada por pesquisas em humanos (COVANI et al., 2003, 2004; BOTTICELLI et al., 2004) e animais (ARAÚJO et al. 2005, 2006a, 2006b; BOTTICELLI et al., 2006; CANEVA et al., 2010).
Portanto, o preenchimento dos gaps é importante para a estabilização do contorno alveolar e, consequentemente, da mucosa peri-implantar, independentemente do tamanho do defeito, em função do risco iminente da reabsorção da parede vestibular, em decorrência da remodelação fisiológica (JOLY; MESQUITA DE CARVALHO; CARVALHO DA SILVA, 2010).
Devido ao fato de que a parede vestibular do alvéolo é frequentemente fina, é preferível a utilização de implantes de diâmetro reduzido: toda vez que a estabilidade primária seja conseguida, o gap implante-alvéolo é passível de ser preenchido com biomaterial, evitando, desse jeito, o risco de maior reabsorção da tábua vestibular, fenestrações e defeitos estéticos posteriores (JOLY; MESQUITA DE CARVALHO; CARVALHO DA SILVA, 2010).
A elevação do retalho (de espessura total) poderia estar relacionada à reabsorção óssea pela ruptura dos vasos supraperiostais, diminuindo a vascularização do osso cervical que, conforme foi falado, normalmente é delgado na região anterior da maxila. A variação foi maior em sítios onde houve descolamento do periósteo em comparação com áreas onde não foi feito retalho (flapless). Resultados similares foram observados em outros estudos experimentais em que foram colocados implantes imediatos comparando abordagem com e sem retalho (BLANCO et al., 2008; BARROS et al., 2009). Os procedimentos sem retalho também possuem limitações: dificuldade de visualização, risco aumentado de aquecimento ósseo durante a preparação do alvéolo, além de limitar as alternativas de manipulação tecidual. O uso de guias cirúrgicos e tomografias computadorizadas são especialmente importantes nos procedimentos sem retalho. Bons resultados nesses procedimentos dependem da experiência do operador e da familiaridade com a anatomia da região (JOLY; MESQUITA DE CARVALHO; CARVALHO DA SILVA, 2010; OH et al., 2007; BECKER et al., 2009).
O posicionamento ideal dos implantes imediatos, assim como dos implantes inseridos em alvéolos cicatrizados, é inegociável para a obtenção de bons resultados (BUSER; MARTIN; BELSER, 2004). O longo eixo do implante deve ser paralelo ao eixo da futura prótese, ligeiramente lingual à incisal da restauração nos dentes anteriores e no centro da fase oclusal dos dentes posteriores. As referências protéticas determinam que os implantes imediatos sejam posicionados a expensas da parede lingual/palatina do alvéolo. Os implantes imediatos devem ser considerados procedimentos de alta complexidade e dificuldade (JOLY; MESQUITA DE CARVALHO; CARVALHO DA SILVA, 2010). Pequenos erros de inclinação são passíveis de correção protética, no entanto, o ombro do implante nunca deve ultrapassar o limite anterior do osso vestibular ou a linha imaginária dos ângulos diedros dos dentes adjacentes, porque, invariavelmente, o pilar protético pressionará o tecido gengival, promovendo a recessão da mucosa peri-implantar (BENGAZI; WENNSTRÖM; LEKHOLM, 1996).
A colocação de implantes imediatos é combinada, frequentemente, com procedimentos de temporização imediata, com suporte científico de alta taxa de sucesso. (KAN; RUNG CHARASSAENG; LOZADA, 2003; KAN et al., 2007).
A temporização imediata parece efetiva em promover a manutenção ou provocar mínima alteração da altura dos tecidos moles adjacentes, lembrando que a manutenção dos tecidos moles ao redor de implantes depende do osso proximal do dente adjacente, e não do protocolo de carga utilizado (JOLY; MESQUITA DE CARVALHO; CARVALHO DA SILVA, 2010).