Resumo
A procura de tratamento ortodôntico por pacientes adultos é muito significativa. Além desta procura, a prática de tratamento ortodôntico previamente a tratamentos de reabilitação oral se torna cada vez mais comum. Com isso, nos deparamos com casos cada vez mais complexos, que apresentam perda de elementos dentários e inclinação dos molares como consequência desta perda (LUGATO et al., 2008; LOCKS; FECHADURAS; FECHADURAS, 2015; NARRACCI; SANTOS, 2017).
Diante deste panorama, os miniparafusos ou mini-implantes surgem como uma alternativa extremamente útil no controle da ancoragem do tratamento ortodôntico. Esse sistema de ancoragem esquelética é usado diante da necessidade de grande movimentação dentária ou quando apenas a ancoragem dentária é insuficiente (NARRACCI; SANTOS, 2017). Por apresentarem tamanho reduzido, os mini-implantes podem ser inseridos em diferentes locais do osso basal e alveolar, proporcionando um sistema de ancoragem que possibilita a realização de movimentos dentários apenas nos locais desejados. Desta forma, a movimentação dentária é mais controlada e previsível, os efeitos colaterais são praticamente anulados e a mecânica ortodôntica torna-se mais simplificada (VILLELA; SAMPAIO; BEZERRA, 2008; PEREZ et al., 2016; PREVIDENTE et al., 2017).
A perda de dentes posteriores no arco inferior pode causar um desequilíbrio oclusal de grande magnitude. Diversos problemas estão relacionados à inclinação mesial de molares, entre eles os defeitos ósseos na face mesial dos molares, falta de espaço para o posicionamento de implantes, inclinação distal e giroversão de pré-molares, interferências oclusais durante movimentos protrusivos e dificuldades de adaptação de próteses (VALARELLI et al., 2014).
Em casos inclinação mesial acentuada de molares inferiores devido à ausência de elementos adjacentes, a indicação de verticalização destes dentes é recomendada, ou em casos de impactação de segundos molares inferiores. De acordo com o grau de angulação que o dente em questão apresenta, e considerando o seu volume radicular, este tipo de movimentação pode tornar-se difícil para o ortodontista, além da possibilidade de causar efeitos colaterais indesejáveis (TAGAWA et al., 2015).
Diversas possibilidades mecânicas em Ortodontia são capazes de gerar o momento de força necessário para a verticalização de molar, entretanto, um planejamento cuidadoso e avaliação do sistema de forças a ser gerado, a fim de ter melhor controle do movimento desejado, são de fundamental importância. Porém, mecânicas tradicionais, muitas vezes, são limitadas, prologam o tratamento ortodôntico e podem gerar efeitos colaterais como extrusão e muitas tensões nas estruturas de suporte ao redor do dente a ser movimentado (MATA et al., 2015).
A utilização de ancoragem esquelética com mini-implantes foi introduzida visando facilitar os movimentos ortodônticos, evitar os efeitos colaterais causados pela movimentação (PEREZ et al., 2016), diminuir as menores tensões no movimento de verticalização de segundos molares inferiores, além de permitir melhor controle da ancoragem nos seus mais variados tipos de movimentações dentárias, sem a necessidade de cooperação do paciente (VILLELA; SAMPAIO; BEZERRA, 2008).
Apesar das inúmeras vantagens apontadas, alguns cuidados como correta aplicação da técnica cirúrgica, indicação clínica adequada, uso de forças ortodônticas apropriadas, boa densidade óssea e controle da inflamação nos tecidos moles adjacentes são fundamentais para o sucesso da estabilidade deste método de ancoragem (TAGAWA et al., 2015).
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo apresentar uma opção de mecânica de verticalização, vestibularização e intrusão de segundo molar inferior, realizada com auxílio de mini-implante para posterior reabilitação protética com implantes osseointegrado.