Resumo
Há diversas razões para um paciente procurar um ortodontista, sendo a preocupação estética, comprometida por uma maloclusão, a mais comum. As maloclusões podem ter origem esquelética ou dentária e estão presentes em todas as etnias. A maloclusão de Classe II é um dos problemas a serem tratados mais encontrados na prática ortodôntica, e dependendo da sua severidade, pode causar não só problemas estéticos e funcionais mas, também, distúrbios psicológicos (QAMRUDDIN et al., 2014). Se a discrepância esqueletal for de leve à moderada, o tratamento dessa maloclusão pode consistir em alterar/modificar o crescimento de pacientes que ainda estão em fase de crescimento e camuflar ou compensar em adultos (HUNT et al., 2002).
No caso de pacientes adultos, o tratamento geralmente envolve a extração de dentes permanentes para camuflar a discrepância esquelética e fornecer harmonia facial. Se for um caso severo é indicada cirurgia ortognática. No caso das extrações, normalmente opta-se por dois pré-molares superiores ou dois pré-molares superiores e dois pré-molares inferiores para essa compensação. A extração de apenas dois dentes superiores é indicada em casos em que não há apinhamento ou discrepância cefalométrica no arco mandibular (UPADHYAY et al., 2009).
A complexidade do tratamento pode aumentar devido à severidade da discrepância sagital, principalmente se também existir excesso vertical maxilar (HUNT et al., 2002). O excesso vertical maxilar, que também pode ser de etiologia esquelética ou dentária, é representado pelo excesso de visibilidade dos incisivos superiores e da gengiva ao sorrir. Independente da causa, o sorriso gengival dificilmente é corrigido com mecânicas convencionais. Porém, com a introdução da ancoragem esquelética, a ortodontia aumentou sua eficiência (KIM; FREITAS, 2010).
Ancoragem é um fator crítico na prática ortodôntica diária e é essencial para o sucesso ortodôntico. Há limitações na ancoragem dentária devido à movimentação dos dentes. Alguns dispositivos extrabucais podem auxiliar, mas a cooperação do paciente, nesses casos, é indispensável (CHEN et al., 2007). Durante a retração do seguimento anterior, a força que está agindo nos dentes anteriores pode gerar uma força recíproca nos dentes posteriores, com a mesma magnitude, mas em direção oposta. Essa força reativa moveria os dentes posteriores para frente e ocuparia uma porção considerável do espaço das extrações, obstruindo, assim, a retração dos dentes anteriores (LI et al., 2011).
Idealmente, a ancoragem intraoral deve ser imóvel, biocompatível, facilmente utilizável e não depender da cooperação do paciente. Os mini-implantes foram introduzidos como uma alternativa simples para ancoragem ortodôntica (OWENS et al., 2007). Os mini-implantes podem ser utilizados no tratamento ortodôntico para realizar movimentos de intrusão de incisivos, intrusão, distalização ou mesialização de molares em casos que não seria possível somente com as mecânicas convencionais (SUGAWARA et al., 1998). Esses tipos de dispositivos são fáceis de manipular, simplificam as mecânicas utilizadas no tratamento, oferecem melhor controle dos movimentos dos dentes, diminuem o tempo do tratamento e não oferecem muito desconforto para o paciente, se comparado a outras abordagens (COSTA et al., 1998).
O mini-implante ortodôntico é vantajoso para a ancoragem ortodôntica, pode ser utilizado em diferentes locais devido ao seu tamanho pequeno e fácil instalação. Seu local de instalação mais comum para ancoragem esquelética é na região de osso interradicular (TEKALE et al., 2015). Os mini-implantes são capazes de fornecer máxima ancoragem para retrair e intruir o seguimento dentoalveolar, simultaneamente. Seu estudo é de extrema importância para o desenvolvimento da Ortodontia, pois representa a evolução da área e oferece a possibilidade de um tratamento mais eficaz, com menores efeitos colaterais e mais benefícios, tanto para o paciente quanto para o profissional.