Resumo
A cirurgia de levantamento de seio maxilar é uma técnica cirúrgica que tem o objetivo de aumentar a dimensão vertical na porção inferior do seio maxilar para ganhar altura na crista óssea e possibilitar a instalação de implantes (MOHAN et al., 2015). Historicamente existem relatos iniciais da técnica (BOYNE; JAMES, 1980; TATUM, 1986).
Após a perda de um dente na região posterior da maxila ocorre a pneumatização no seio maxilar e pode ser observado que o osso remanescente nessa área tem sua altura reduzida, muitas vezes impossibilitando a instalação de implantes. Como consequência, a utilização de diferentes técnicas de enxertia óssea para ganho de altura com diversos biomateriais ou a combinação destes têm sido indicado (CARRAO; DE MATTEIS, 2015).
Esses procedimentos não levam simplesmente ao preenchimento com um material com a função de completar o espaço, mas também para permitir a regeneração dos tecidos estrutural e funcionalmente similares aos tecidos perdidos, permitindo que haja quantidade e qualidade óssea para permitir a instalação de implante e a futura reabilitação protética (ZIZZARI et al., 2016).
Os biomateriais podem ser classificados pela forma como interagem com os tecidos em biotoleráveis, bioinertes e bioativos ou pela sua origem como autógenos, alógenos, xenógenos e aloplásticos (SCHMITT et al., 2013).
Os três principais mecanismos fundamentais para obter a regeneração óssea são: a osteogênese, osteoindução e osteocondução (ZIZZARI et al., 2016). O enxerto ósseo autógeno é o único que apresenta os três mecanismos de formação óssea descritos acima, porém a utilização desse enxerto apresenta limitação da quantidade dele em cirurgias grandes e a remoção desse enxerto ósseo requer um segundo sítio cirúrgico intrabucal ou extrabucal (HENEGHAN; MCCABE, 2009).
Os enxertos alógenos derivados de banco de ossos são uma grande fonte de material para enxerto, (WON et al., 2011; DALAPICULA; CONZ, 2008) porém apresentam como desvantagens a possibilidade de reações imunes e a transmissão de doenças (BOHNER, 2010).
Os biomateriais xenógenos têm origem em outra espécie, como origem bovina, equina ou suína. Esses biomateriais possuem características físico-químicas similares ao osso humano e recebem tratamentos na tentativa de evitar respostas imunológicas ou inflamatórias adversas. Além disso, apresentam padrões de reabsorção e degradação bastante lentos, em que se observa a ocorrência de neoformação óssea ao redor de suas partículas. A hidroxiapatita bovina tem como exemplo o Bio OssÔ, biomaterial que dispõe de ampla literatura científica ao longo dos anos (STARCH-JENSEN et al., 2018). Há relato do registro de príons nos biomateriais de origem bovina, que são contaminantes transmitidos através desse tipo de enxerto e cria uma contraindicação do seu uso (KIM et al., 2016).
Outra opção são os biomateriais aloplásticos que são sintéticos. Os substitutos ósseos sintéticos, como os fosfatos de tricálcico, hidroxiapatitas e biovidros podem apresentar propriedades físico-químicas controladas, sendo uma alternativa aos enxertos de outras origens. Podem ser encontrados na natureza ou sintetizados por métodos de precipitação utilizando reagentes químicos (COSTA et al., 2009). Esses materiais devem garantir a formação de ligações estáveis com o osso neoformado com o passar do tempo (CONZ et al., 2010).
O controle da composição química, cristalinidade, presença de poros e tamanho das partículas dos grânulos produzidos está diretamente relacionado à sua função in vivo. Grânulos sintéticos porosos de hidroxiapatita, indicados para procedimentos regenerativos de enxertos ósseos, associados à instalação de implantes imediatos, alvéolos de extração e enxertos em seio maxilar. Pode ser citado como exemplo de biomaterial sintético o Alobone PorosÒ, que é uma hidroxiapatita inorgânica sintética biocompatível quando utilizado conforme as indicações.
Devido ao limitado conhecimento do uso do Alobone PorosÒ e o seu potencial na neoformação óssea, o presente estudo avaliou, por meio de análise histomorfométrica em cirurgia de levantamento de seio maxilar o potencial regenerativo desse biomaterial.