Resumo
Em decorrência de perdas dentárias precoces na região anterior de maxila são comuns os casos de rebordos alveolares atróficos, o que, em muitas situações, inviabiliza uma reabilitação com implantes de forma satisfatória, tanto do ponto de vista funcional quanto do ponto de vista estético. Partindo dessa premissa, torna-se necessária a reconstrução de tais rebordos alveolares através de enxertos ósseos, de forma a devolver quantidade e qualidade óssea, pois só assim poderemos atingir objetivos estéticos e funcionais ideais (MISCH; MISCH, 1995; LAURENCIN; KHAN; EL-AMIN 2006; ISHIKAWA et al., 2010; BIDRA; CHAPOKAS, 2011).
Dentre os procedimentos para enxertos ósseos, podemos destacar técnicas que usam enxertos ósseos alógenos, xenógenos e autógenos, sendo que o último é considerado o “padrão ouro” nas reconstruções alveolares por ter um desempenho e resultado final superior aos demais, em decorrência de sua capacidade osteoindutora e osteogênica (ACOCELLA et al., 2010). Como fator desabonador para o enxerto autógeno, pode-se citar a inconveniência da necessidade de mais um sítio cirúrgico, o que acarreta aumento no tempo operatório e maior chance de complicações do procedimento, com possibilidade de maiores desconfortos para o paciente (NKENKE et al., 2002; TOUZET et al., 2011; SCHEERLINCK et al., 2013).
Diante dessas considerações, não se tem envidado esforços no sentido de substituir, com qualidade, os enxertos autógenos. Muitos trabalhos apontam para o uso de osso humano fresco congelado e de matriz óssea bovina liofilizada em bloco com resultados bastante satisfatórios, porém, ainda aquém da enxertia autógena, sendo que o osso humano fresco congelado, apesar de ser seguro do ponto de vista de transmissão de doenças, apresenta como desvantagem a dificuldade de sua obtenção, por existir uma quantidade restrita de doadores (HOLTZCLAW et al., 2008; FINKEMEIR, 2002; GÁLIA et al., 2008).
Sendo assim, e diante das considerações feitas, uma das alternativas mais palpáveis ao enxerto autógeno é o uso de osso bovino liofilizado, uma vez que este tipo de biomaterial tem praticamente disponibilidade ilimitada e grande similaridade física e química com osso humano (GALIA et al., 2008). Outro fator que corrobora com essa afirmativa, são pesquisas feitas para saber a preferência dos pacientes, que, em geral, optam pelo uso do xenoenxerto, devido à redução do desconforto pós-operatório com uma segunda área cirúrgica (FELICE et al., 2008).
O objetivo deste trabalho foi avaliar, após seis meses, clinicamente, histologicamente e tomograficamente, a viabilidade do osso neoformado pelo enxerto, quanto à formação celular, perda de volume e densidade óssea, com vista à viabilidade para reabilitação através de implantes.