Resumo
O fenômeno da ossseointegração descoberto por Bränemark et al. (1969) foi desenvolvido sobre o protocolo de dois estágios cirúrgicos, alcançando altas taxas de sucesso e previsibilidade na reabilitação com implantes (BRÄNEMARK et al., 1977). Desde então, inúmeros trabalhos científicos têm comprovado a eficiência e proposto modificações da técnica inicial. A técnica de carga imediata é um desses aprimoramentos e é utilizada para se reduzir as etapas de colocação de implantes (MALÓ et al., 2011; MALÓ et al., 2014; PAPASPYRIDAKOS et al., 2014; MELONI et al., 2012), em seu trabalho de implante imediato com carga em molares, não encontraram diferenças quando comparado ao tardio em dois estágios, mas uma redução significativa no sistema com carga imediata, do tempo de tratamento, com elevada satisfação dos pacientes. Piattelli et al. (2011) encontrou maior contato osso-implante para implantes submetidos à carga imediata. A força oclusal parece aumentar a circulação sanguínea intraóssea, aumentando o metabolismo, promovendo a remodelação e formação de osso novo. A melhor compreensão dos processos de reparo da exodontia do elemento dentário tem levado ao desenvolvimento da instalação imediata do implante em alvéolo fresco e concomitante confecção de uma coroa provisória para manter a integridade dos tecidos circunvizinhos (ORTEGA-MARTINEZ et al., 2012).
A técnica de instalação de implantes imediatos e provisionalização (IIPP) em alvéolos frescos sem realização de retalho é um procedimento pesquisado por diversos autores (ROSA et al., 2013; TARNOW et al., 2014). Revisões sistemáticas e estudos randomizados demonstram altas taxas de sucesso dos implantes imediatos em alvéolos frescos, tanto em dentes anteriores (ESPOSITO et al., 2010) como posteriores (ATIEH et al., 2010; ORTEGA-MARTINEZ et al., 2012; ATIEH et al., 2013). Entretanto, a instalação do implante imediato em alvéolos frescos por si não é capaz de impedir a remodelação do alvéolo (BOTTICELLI et al., 2004; ARAUJO E LINDHE, 2009). Vários autores, visando minimizar essas perdas de volume vestíbulo-lingual e a remodelação da parede vestibular, têm proposto associar o implante imediato e provisionalização ao preenchimento de espaços do alvéolo com enxertos autógenos e xenógenos (ARAUJO et al., 2005; ROSA et al., 2009; TARNOW et al., 2014).
Numa metanálise Lin et al. (2014) revelaram que as taxas de sobrevivência dos implantes e a perda óssea marginal radiográfica das intervenções sem retalho (Flapless) eram comparáveis com a abordagem cirúrgica com retalho. Ketabi et al. (2016) realizaram uma revisão sistemática e metanálise dos resultados de estudos clínicos com implantes molares imediatos. Ao analisar os dados sobre a sobrevivência, foi encontrado um total de 768 implantes de molares imediatos, inseridos em 757 pacientes. A metanálise desses dados mostrou uma taxa de sobrevivência do implante de 98%, sem diferença entre a maxila e a mandíbula. A perda óssea média cumulativa total era 0,57 mm, depois de pelo menos 1 ano.
Os trabalhos de Bersani et al. (2010) com implantes de diâmetro de 4,3 e 5 mm imediatamente colocados em alvéolos frescos e provisionalizados obtiveram 100% de sucesso. Corroborando com esses resultados, Hamouda et al. (2015) e Jung e Yoon (2016) também encontraram taxas de sobrevivência de 95% e 94,7% para implantes imediatos em molares, respectivamente.
A alta taxa de sobrevivência e ausência de complicações foram relatadas nesse trabalho. Esses resultados estão de acordo com outros estudos como os de Atieh et al. (2010) que em sua revisão da literatura, encontraram uma taxa de sucesso de 99% em cerca de 1.013 implantes em molares com carga imediata, contra 97,9% de sucesso em implantes tardios. Annibali et al. (2011) obtiveram, em implantes imediatos de molares, uma taxa de sucesso de 95% contra 100% nos implantes tardios.