Resumo
A fratura radicular, a falha no tratamento endodôntico e a doença periodontal, estão associados à exodontia e a instalação de implantes imediatos. O atraso na exodontia, nestes casos, pode levar à contaminação bacteriana na região da fratura (GOMES et al., 2001), resultando em perda óssea.
A prevalência da fratura radicular vertical, revisando a literatura, varia de 10 a 12%. A presença de núcleos metálicos no canal radicular está associada a 60% dos casos de fratura (HASSAN et al., 2010). O prognóstico de dentes com fratura extensa é desfavorável na maioria dos casos, assim, nestes casos, a exodontia será indicada. A fratura radicular é ligada à infecção, comprometendo o alvéolo. Um estudo retrospectivo, com 75 pacientes, revelou que 30% das exodontias apresentavam paredes ósseas intactas e, 70% dos casos apresentavam pelo menos uma parede comprometida (ZITZMANN et al., 1999). A parede vestibular é a mais afetada, devido à menor espessura e vascularização.
A instalação imediata de implantes é contraindicada em casos de infecção e defeitos ósseos, principalmente quando a vestibular está ausente, o que é observado quando ocorre fratura radicular (LAZZARA et al., 1989). A técnica de Restauração Dentoalveolar Imediata (RDI) foi desenvolvida com a intenção de aperfeiçoar a eficiência clínica nesses casos, aumentando a indicação para a temporização em implante imediato, diminuindo o tempo de tratamento.
O objetivo da RDI é reabilitar, no mesmo tempo cirúrgico da instalação dos implantes, a parede óssea vestibular, mantendo assim, a estética dos tecidos moles. A parede vestibular é restaurada com enxerto ósseo cortiço-medular, removido da tuberosidade da maxila, entretanto, uma limitação da técnica é a ausência de disponibilidade óssea nesta região (ROSA et al., 2008).
A técnica RDI se baseia em princípios biológicos consolidados. A característica trabecular da tuberosidade da maxila demonstra que esse enxerto tem grande capacidade de revascularização, com liberação de fatores de crescimento para o leito receptor (CICCONETTI et al., 2007). Porém, o enxerto deve ser estabilizado rapidamente no leito receptor, para prevenir a perda de suas propriedades. Devemos entender que a tuberosidade maxilar apresenta limitada disponibilidade óssea, e é de difícil acesso cirúrgico (CICCONETTI et al., 2007).
Após a instalação imediata do implante em conjunto com o enxerto ósseo proveniente da tuberosidade maxilar, há formação de um coágulo que preenche os espaços remanescentes entre o implante e o enxerto. Buser e Martin (2004) descrevem que, se a largura entre o implante e a parede óssea vestibular for maior que 2mm, haverá reabsorção óssea horizontal, e um enxerto será necessário para a sua regeneração. Com base nesse princípio, no uso da RDI, todos os espaços remanescentes entre o implante e o enxerto, devem ser preenchidos com osso particulado, também proveniente da tuberosidade maxilar (ROSA et al., 2008).
Com base nesses princípios biológicos, será apresentado um caso clínico, obedecendo criteriosamente o protocolo da técnica RDI.