Resumo
A má oclusão de mordida aberta anterior (MAA) é definida como uma falta de sobreposição vertical ou de contato entre os incisivos superiores e inferiores, apresentando etiologia multifatorial. Pode ser classificada como má oclusão dentoalveolar ou esquelética (NILSEN, 1991). Indivíduos portadores de MAA esquelética, normalmente, apresentam ângulo goníaco aberto, ângulo entre o plano mandibular e o plano oclusal aberto, aumento da altura facial anterior inferior (AFAI), retrusão mandibular, corpo e ramo mandibulares curtos, planos oclusais divergentes, base anterior do crânio íngreme e dificuldade de selamento labial (VELA-HERNANDEZ et al., 2017).
Estudos com acompanhamento em longo prazo são os que verdadeiramente indicam o sucesso no tratamento da MAA, mostrando que tanto tratamentos cirúrgicos como não cirúrgicos fecham a MAA, mas são propensos a recidivas.
O tratamento ortodôntico geralmente promove o fechamento de mordidas abertas, combinando extrusão de incisivos ou intrusão de molares, por meio de arcos laterais multi-loop, extração de molares ou pré-molares e/ou utilização de blocos de mordida posterior. Esses tratamentos não produzem mudanças significativas no padrão esquelético (SCHEFFLER; PROFFIT; PHILLIPS, 2014), além de apresentarem menor potencial de estabilidade, considerando que movimentos extrusivos são menos estáveis quando comparados a movimentos intrusivos (REITAN; RYGH, 1994). A cirurgia ortognática para correção da MAA consiste em realizar uma osteotomia Le Fort I associada à osteotomia do ramo mandibular, que reposiciona a maxila, permitindo a rotação da mandíbula no sentido anti-horário (PROFFIT et al., 2000).
Outra abordagem contemporânea – e menos invasiva – está relacionada à utilização de dispositivos de ancoragem esquelética, como os miniparafusos e miniplacas, para intrusão de molares, associada a uma rotação do plano oclusal no sentido anti-horário e extrusão mínima dos incisivos inferiores (UMEMORI et al., 1999; SHERWOOD; BURSH; THOMPSOM, 2002; KURODA et al., 2007; DEGUCHI et al., 2011).
A utilização de ancoragem esquelética, mais especificamente o uso das miniplacas, minimiza os efeitos colaterais indesejáveis, simplifica a mecanoterapia e reduz o tempo de tratamento. A ancoragem absoluta proporcionada pelas miniplacas permite que movimentos de intrusão e distalização de dentes sejam realizados com menor desconforto para o paciente (CHEN et al., 2007), além de proporcionar domínio tridimensional dos planos oclusais (SILVA; MELOTI; PINHO, 2018).