Resumo
A abordagem clínica não-cirúrgica da Classe III coloca-se entre os grandes desafios da Ortodontia e vem, desde sempre, gerando controvérsia entre clínicos e pesquisadores. Alguns defendem a tese de que o crescimento e o desenvolvimento do complexo craniofacial são determinados geneticamente e, portanto, inalteráveis (ARAUJO et al., 2008). Para esses, a correção da grande maioria de casos de Classe III passará por intervenções orto-cirúrgicas, devendo a terapia ser realizada assim que cessar o período mais ativo do crescimento. Por outro lado, há aqueles que, mesmo concordando com o peso da hereditariedade na etiologia da Classe III, acreditam ser possível modificar o padrão e a direção do crescimento e, através de uma abordagem não-cirúrgica, minimizar a maloclusão ou até́ mesmo tratá-la com sucesso (ARAUJO et al., 2008; MOURA et al., 2015).
A frequência das maloclusões de Classe III varia em diferentes grupos raciais. A incidência entre os brancos é de 1% a 4%; entre os negros é de 5% a 8%; nos asiáticos, varia de 4% a 14% (DAHER et al., 2007).
Angle (1900) descreveu a maloclusão de Classe III como uma condição em que o primeiro molar inferior está posicionado mesialmente ao primeiro molar superior. Esta relação molar poderia incluir uma retrusão maxilar com uma mandíbula normal, uma mandíbula protruída com uma maxila normal ou a combinação de ambos. Também pode ocorrer uma relação dentária de pseudo Classe III. Ela pode ser o resultado de um deslocamento para frente da mandíbula devido a interferências oclusais. Além do mais, a relação dentária de Classe III também pode apresentar uma posição maxilo-mandibular normal.
Existem diversas formas de tratamento na maloclusão de Classe III. Dependendo da forma de como a Classe III se expressa e da idade do paciente, os tratamentos poderão ser ortopédicos, ortodônticos ou ortodônticos cirúrgicos (DILIO et al., 2014).
Corrigir uma maloclusão de Classe III, geralmente é um desafio para um ortodontista, especialmente se o perfil do paciente não permitir extrações. Uma opção de tratamento é o uso de elásticos intermaxilares para corrigir a discrepância anteroposterior unilateral. No entanto, o sucesso deste método depende da resposta individual de cada paciente e da sua conformidade na utilização dos elásticos (JANSON et al., 2010).
O objetivo deste capítulo é apresentar um tratamento bem sucedido de uma paciente Classe III e, por meio dessa abordagem, ilustrar e discutir as mudanças dentoesqueléticas ocorridas durante a correção.