Resumo
A gengivoestomatite herpética aguda (GEHA) é uma primo-infecção causada pelo vírus herpes simples (HSV), sorotipo 1 (CHIARELLI; RAU; SCORTEGAGNA, 2008). É o padrão mais comum de infecção herpética primária sintomática e é observada, frequentemente, em crianças com idade entre 1 a 5 anos (SANTOS et al., 2012; LAWALL et al., 2005).
A GEHA apresenta sintomatologia prodrômica como mal-estar geral, irritabilidade, sonolência, cefaleia, artralgia, anorexia, febre, calafrios, odinofagia, linfadenopatia, taquicardia, diarreia sialorreia, inflamação das mucosas, edema, eritema e sangramento gengival (NEVILE et al., 2004). As manifestações clínicas iniciam-se através de pequenas vesículas de 1 a 2 mm, claras, uniformes, podendo atingir todas as mucosas da cavidade bucal, porém o envolvimento gengival está presente em todos os casos. Em alguns dias, estas vesículas se rompem e formam úlceras rasas, irregulares, branco-amareladas, recobertas por uma membrana acinzentada, com halo eritematoso e sintomatologia dolorosa (CHIARELLI; RAU; SCORTEGAGNA, 2008). A gengiva torna-se edemaciada, dolorosa e eritematosa, podendo apresentar zonas erosivas puntiformes (NEVILE et al., 2004). Tais úlceras regridem espontaneamente no período de dez a quatorze dias, sem deixar cicatriz (NEVILE et al., 2004. LOPES; CUTRIM; SOUSA, 2000).
As lesões, por serem dolorosas, dificultam a alimentação e a ingestão de líquidos. Assim, pode ocorrer desidratação, às vezes requerendo o internamento hospitalar do paciente. Infecções secundárias causadas por bactérias da flora bucal também podem ocorrer (AMIR, 2001).
O diagnóstico, baseado nos aspectos clínicos associado à presença das manifestações sistêmicas (LAWALL et al., 2005; LOPES; CUTRIM; SOUSA, 2000), deve ser diferenciado de outras doenças, tais como: ulcerações aftosas recorrentes, a mononucleose infecciosa, a doença das mãos pés e boca, o GUNA, a candidíase perioral cutânea, leucemia aguda, varicela, e até mesmo, lesões recorrentes atípicas do herpes vírus em pacientes imunocomprometidos (LOPES; CUTRIM; SOUSA, 2000).
O tratamento da GEHA é dito de suporte e paliativo, baseado em hidratação, alimentação líquida e pastosa, hipercalórica e rica em proteínas, prescrição medicamentosa (antiviral, anti-inflamatório, analgésico, antitérmico, anestésicos tópicos, antibiótico) e higiene das lesões com bochechos com digluconato de clorexidina a 0,12% (CHIARELLI; RAU; SCORTEGAGNA, 2008).
Apesar da relevância clínica, poucos são os casos clínicos que são, de fato, relatados na literatura. Assim, o objetivo desse capítulo é o relato de um caso de gengivoestomatite herpética aguda em um bebê de um ano e oito meses bem como a conduta clínica adotada.