Resumo
Os traumatismos dentários ocorrem, na sua grande maioria, nas crianças e adolescentes (REIS et al., 2004) resultados, principalmente, de fatores externos como colisões e quedas (SORIANO et al., 2007) (TRAEBERT et al., 2003). Os acidentes que envolvem a arcada dentária, em especial aqueles que comprometem os dentes anteriores, interferem diretamente na estética e na função e, consequentemente, o comportamento do indivíduo (VASCONCELLOS; MARZOLA; GENU, 2006).
Algumas condições anatômicas como mordida aberta, lábio superior hipotônico, oclusão do tipo classe II de Angle, overjet acentuado e pacientes respiradores bucais são fatores altamente predisponentes às injúrias dentárias (VASCONCELLO; MARZOLA; GENU, 2006). Nesse contexto, as fraturas coronárias em dentes anteriores são as mais comuns, (HAMILTON; HILL; HOLLOWAY, 1997) sendo os incisivos superiores os mais propensos ao trauma devido a sua posição no arco e seu padrão eruptivo (VIJAYAPRABHA; MARWAH; DUTTA, 2012) (CARRASCOZ et al., 2002).
A colagem do fragmento dentário é uma das opções de tratamento quando este se encontra disponível e não há comprometimento do mesmo. Além de ser muito conservador, o procedimento, na maioria das vezes, é rápido e o resultado estético é alcançado (HEGDE, 2003) (ALMEIDA et al., 2012), pois favorece o restabelecimento de características originais do dente como textura, contorno, translucidez, guia incisal recuperada e o desgaste fisiológico ocorre naturalmente, além do paciente apresentar resposta psicológica positiva ao tratamento (MANJU et al., 2015) (DEMOGALSKI et al., 2006).
Para o correto restabelecimento da unidade dentária, pela colagem do fragmento, deve-se levar em consideração a quantidade e extensão da destruição coronária, pois, quando esta é significativa, existe a necessidade de se promover uma retenção intrarradicular (DEMIRYÜREK et al., 2009). Entre os mais variados tipos de pinos que podem ser utilizados, o pino de fibra de vidro parece ser uma excelente escolha, pois o agente adesivo e a resina, em conjunto, formam uma unidade firmemente incorporada à dentina, reforçando a resistência à fratura do remanescente dentário e da coroa. (VERRASTRO et al., 2007). O pino de fibra de vidro apresenta um módulo de elasticidade semelhante ao da dentina (MANJU et al., 2015), vantagem estética (FRANCO et al., 2009) e capacidade de disseminar as tensões promovidas pelas cargas mastigatórias (OLIVEIRA et al., 2010), colaborando, assim, para o restabelecimento funcional e estético do paciente.
Os traumatismos dentários têm alta prevalência na infância (SANABE et al., 2009) e a conduta profissional do cirurgião-dentista, em especial, o Odontopediatra, é de fundamental importância para a proservação do dente envolvido. Muitos profissionais ainda apresentam dúvidas quanto à melhor opção de tratamento para o paciente, quando solicitados nesta situação de urgência e de forte cunho emocional. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo apresentar um relato de caso de colagem de fragmento de uma paciente pediátrica que sofreu traumatismo dentário.