Resumo
O freio labial é um tecido fibroso de formato triangular, localizado entre os incisivos centrais superiores (SANTOS et al., 2014), que tem por função limitar o movimento labial, ou parte dele, promovendo a estabilização da linha média e impedindo a exposição excessiva da gengiva (SANTOS et al., 2014).
No entanto, o freio labial superior hipertrófico e/ou com inserção baixa, também chamado freio teto labial persistente, contribui para a formação de diastemas interincisivos (SCHNEID et al., 2012)que, durante a infância, é considerada normal, sendo que com o desenvolvimento da oclusão, há um fechamento fisiológico significativo (ALMEIDA et al., 2004), devido à aposição óssea no rebordo alveolar e ganho de dimensão vertical (CAVALCANTE et al., 2009; ALMEIDA et al., 2004).
Clinicamente, é necessário diferenciar o diastema fisiológico (“fase do patinho feio”) do patológico, que pode ter como causas a inserção hipertrófica do freio labial superior, presença de dentes supranumerários, odontomas, falta de coalescência da rafe mediana, falta de dentes, neoplasias, desarmonia osteodentária, hábitos de sucção, cistos, micrognatia, problemas endócrinos ou osteíte deformativa de Paget (ALENCAR et al., 2013).
Segundo o guidelines da Academia Americana de Odontopediatria (AAPD), o freio labial hipertrófico pode interferir na higienização e contribuir, potencialmente, para a formação de lesões de cárie e doença gengival ou periodontal (AAPD, 2015), podendo afetar a fonação de algumas letras e induzir a hábitos viciosos (SANTOS et al., 2014). Além disso, do ponto de vista estético, o diastema interincisivo resultante deste freio é uma condição incômoda que prejudica a harmonia e beleza do sorriso (SCHNEID et al., 2012).
Quando o freio se apresenta anormal, o tratamento é geralmente cirúrgico, podendo ser: frenectomia (a remoção total do freio), frenotomia (secção do freio sem eliminá-lo) e a reinserção do freio (mudança na sua posição de inserção – técnica de Chelotti) (SANTOS et al., 2014; DELLI et al., 2013; CAVALCANTE et al., 2009). A frenectomia pode ser realizada com bisturi (método convencional), bisturi elétrico ou cirurgia a laser (MEDEIROS Jr et al., 2015). A escolha da técnica mais adequada deve ser tomada depois de uma cuidadosa avaliação (SANTOS et al., 2014).
Dentre as indicações para a frenectomia, podemos citar: dor, quando o lábio superior é tensionado; presença de diastema interincisivo; interferência na higiene oral; estética e razões psicológicas (AL-NAJJIM; SEN, 2014).
Segundo Almeida et al. (2004), para diagnosticar as anomalias do freio, é necessário um bom exame clínico e radiográfico. Dentre os sinais clínicos, deve-se observar a inserção baixa na margem gengival ou na papila interproximal, isquemia da papila na face palatina, quando o freio é tracionado, e a presença de diastema interincisal mediano.
Um dos grandes desafios é o momento correto para fazer a frenectomia, visto que não há evidência científica do melhor momento, dificultando a conduta clínica dos Odontopediatras.
O objetivo deste trabalho foi descrever um relato de caso de frenectomia na dentição mista por meio da técnica do pinçamento como opção de tratamento do fechamento do diastema anterior.