Resumo
A indicação de exodontia de um dente sem condições de permanecer na boca deve ser precedida da preocupação em se planejar igualmente à reabilitação deste elemento após a extração. Muitas vezes, esse ato cirúrgico executado de forma imprevidente, condena o paciente a procedimentos mais onerosos e traumáticos posteriormente. A busca por materiais pertinentes para a recuperação do osso perdido está muito em voga na odontologia atual. Quando se trata de materiais utilizados para regenerar o tecido ósseo, espera-se que eles apresentem propriedades osteogênicas e osteocondutoras.
Almeida et al. (2004) ressaltam que o tipo de material utilizado como enxerto tem grande importância no sucesso do tratamento e que o osso autógeno continua sendo padrão ouro nas reconstruções ósseas regenerativas. Porém, sua obtenção ainda é um desafio, pois o acesso a uma área doadora pode aumentar o tempo cirúrgico bem como a morbidade a ela associada pela criação de leitos cirúrgicos. A angiogênese, fundamental nos processos reconstrutivos tem como fator inicial o coágulo sanguíneo que promove um microambiente ideal para o processo de neoformação óssea. Existem evidências de uma resposta angiogênica melhorada com o uso de um coágulo potencializado por concentrar uma rede de fibrina mais densa, com glicoproteínas adesivas, maior concentração de plaquetas, leucócitos mononucleares e micropartículas circulantes (ZUBAIROVA et al., 2015; AHMAD et al., 2015).
Alguns estudos apontam que o uso de fibrina rica em plaquetas e leucócitos (PRFL) tem sido um importante adjuvante nas reconstruções ósseas para enxertia de elevação de seio maxilar (ANITUA et al., 2016). Este agregado sanguíneo com base na hemóstase e seu uso como adjuvante na reparação tecidual tem conquistado adeptos no campo da Implantodontia e reabilitação oral por uma casuística de sucesso e produção científica crescente (DOHAN et al., 2004).
A fibrina rica em plaquetas é a tradução livre do PRF – platelet rich fibrina. Neste material, após a formação do coágulo, o líquido residual é o soro sanguíneo. A PRFL é concebida como uma matriz de fibrina leucoplaquetária e não apenas plaquetária. Trata-se de um coágulo natural e potencializado formado pela sedimentação, sob força centrífuga relativa (FCR) ou força G, de baixa magnitude, em sistema fechado e única etapa de centrifugação (FUJIOKA-KOBAYASHI et al., 2017). A obtenção do sangue deve ser feita por venopunção à vácuo, sem adição química e em meio estéril (SAKASHITA et al., 2011).
As principais características da PRFL como adjuvante na neoformação óssea são especialmente a organização estrutural mais densa da rede de fibrina, a liberação lenta dos fatores de crescimento, presença de leucócitos mononucleares, aproveitamento do volume sobrenadante e a incorporação de micropartículas circulantes e glicoproteínas adesivas (ZUBAIROVA et al., 2015; RODELLA et al., 2011; GUPTA et al., 2011; CHOUKROUN et al., 2006). Ainda conta com células-tronco em baixa concentração, bem como fator de crescimento leucocitário em sua composição (GRAINGER et al., 1999, DOHAN et al., 2006)
Choukroun et al. (2006) demonstraram histologicamente, em estudo in vivo, que o uso de aloenxerto particulado combinado com fragmentos de PRFL tornou precoce a maturação óssea quando comparado com o uso desse mesmo biomaterial sem PRFL.
Preparação do bloque: 1) Recortar as membranas em pequenos fragmentos; 2) Misturar as membranas recortadas com o osso particulado num recipiente (proporção de 2 membranas para 0,5 g de biomaterial), se a mistura estiver demasiada seca adicionar um pouco de exsudado de PRFL do Kit Thimon®; 3) Obter uma mistura uniforme; 4) Adicionar 1cc de fibrinogênio líquido sobre a mistura homogênea e misturamos suavemente durante mais ou menos 5 segundos enquanto modelamos o bloco com a forma desejada; 5) O fibrinogênio vai coagular em alguns minutos e obtemos um bloco de PRF.