Resumo
A palavra queilite vem do grego “keilos”, que significa lábios. É chamada de actínica devido à sua relação com a radiação ultravioleta. Também conhecida como hiperqueratose de lábio, é uma lesão de ocorrência em semimucosa do lábio inferior (vermelhão dos lábios), provocada pela exposição nociva e prolongada dessa área aos raios solares. É uma lesão que acomete principalmente pacientes leucodermas, com a faixa etária acima dos 40 anos, porém pode ser encontrada em qualquer idade, principalmente em indivíduos cuja ocupação natural os mantêm expostos às radiações solares. A doença é mais comum no sexo masculino, numa proporção aproximada de 10:1 em relação ao sexo feminino. A prevalência masculina ocorre porque, de um modo geral, os homens trabalham em atividades ao ar livre por períodos mais longos que as mulheres. Além disso, o uso habitual de batons pelas mulheres confere uma proteção efetiva (KIGNEL, 2015).
Clinicamente é possível observar o vermelhão do lábio afetado com aspecto atrófico, pálido, esbranquiçado, ressecado, normalmente fissurado, com descamação, áreas de erosões superficiais, úlceras crônicas e perda da elasticidade. Histologicamente, o epitélio encontra-se atrófico e hiperqueratótico, com células basais hipercromáticas e atipia epitelial, caracterizando a lesão como cancerizável. A probabilidade de malignização pode ser mais elevada quando associada a outros fatores carcinogênicos como o etilismo e tabagismo, nas suas mais variadas intensidades e formas (SAMIMI, 2016).
O diagnóstico diferencial é feito com outros tipos de queilites: esfoliativa, glandular, apostematosa, granulomatosa, e com o líquen plano e lúpus eritematoso crônico discoide. O diagnóstico final é baseado nos aspectos clínicos, citologia esfoliativa e biópsia incisional ou excisional, conforme cada caso (MARCUCCI, 2013).
A prevenção é realizada utilizando-se protetores solares, chapéus de abas largas, cremes e batons fotoprotetores.
As técnicas terapêuticas sugeridas para o tratamento da queilite actínica incluem: a vermelhectomia, laser de CO², ácido tricloroacético (ATA) a 70% e o 5 fluorouracil (5-FU) em solução a 5%. Tratamentos com eletrocirurgia e a crioterapia também podem ser utilizados (LOPES, 2015).
Diante da possibilidade de malignização da queilite actínica, é extremamente importante um exame clínico criterioso para auxiliar no diagnóstico, prognóstico e tratamento da lesão.