Resumo
A recessão gengival é definida como o reposicionamento apical da margem gengival em relação a junção amelocementária. Este defeito pode ocorrer de modo localizado ou difuso, além disso, uma ou várias faces dentais pode ser afetada (KASSAB; COHEN, 2003).
A etiologia desta condição patológica é multifatorial, dentre os fatores envolvidos destacam-se, deiscência óssea, inserção alta de freios e bridas, restaurações subgengivais com acabamento inadequado, trauma oclusal, mal posicionamento dentário, hábitos iatrogênicos e traumas de escovação (TUGNAIT; CLEREHUGH, 2001).
De acordo com Miller (1985), as recessões gengivais podem ser classificadas como:
1) Classe I: a recessão não se estende até a linha mucogengival. Nesse caso, não há perda de tecido gengival ou ósseo na área interproximal e o prognóstico é excelente, podendo chegar a 100% de recobrimento.
2) Classe II: a recessão atinge ou ultrapassa a linha mucogengival, mas ainda não há perda de tecido periodontal interdental. Também apresenta excelente prognóstico.
3) Classe III: a recessão atinge ou ultrapassa a linha mucogengival. Nesses casos, há perda de tecido periodontal interdental apical em relação à junção cemento-esmalte, porém coronária à extensão apical da recessão do tecido marginal. Um dos fatores a serem considerados é o mau posicionamento dentário. O prognóstico esperado é de recobrimento parcial.
4) Classe IV: a recessão do tecido gengival se estende além da junção mucogengival. A perda de osso interproximal se estende além do nível apical em relação à extensão da recessão do tecido marginal. Sendo assim, nenhum recobrimento deve ser esperado.
Atualmente, existem várias técnicas que podem ser utilizadas para o recobrimento cirúrgico da recessão gengival. De modo geral, quando indicadas e executadas adequadamente, todas podem oferecer boa previsibilidade. Dentre as técnicas cirúrgicas, destacam-se: enxerto gengival livre, enxerto subepitelial de tecido conjuntivo, técnica da tunelização associada ao deslocamento coronal e retalho semilunar (ALGHAMDI; BABAY; SUKUMARAN, 2009). No presente trabalho, será descrito um caso clínico de recobrimento radicular pela técnica do enxerto gengival livre.