Resumo
O objetivo fundamental de qualquer tratamento reabilitador é restaurar a função e estética de modo satisfatório e com maior longevidade possível. As opções clínicas durante muito tempo foram os três tipos de prótese: parcial removível; prótese total; prótese fixa e suas variações (overdenture, prótese removível com attachment). Porém, em algumas situações, esse tipo de tratamento não satisfaz tanto o paciente como o dentista por suas limitações funcionais, estéticas ou de manutenção das estruturas remanescentes (RODRIGUES, 2011).
A partir dos estudos iniciais de Branemark na década de 1960, a odontologia experimentou o período de maior avanço no que diz respeito à reabilitação oral, devido ao surgimento de uma nova técnica de reposição de elementos dentários perdidos – os implantes.
Os implantes dentários são utilizados há décadas para tratar a perda dentária em várias situações clínicas. Com um plano de tratamento adequado, a colocação do implante na posição tridimensional correta e a reconstrução dos tecidos perdidos produzem resultados satisfatórios que são mantidos ao longo do tempo. Sem dúvida, a Implantodontia trouxe para a reabilitação oral várias possibilidades e vantagens na reposição de elementos dentais perdidos. No entanto, algumas alterações estéticas e/ou funcionais podem ocorrer nos tecidos moles, comprometendo a taxa de sucesso desses implantes.
Na arcada superior, a pré-maxila é afetada inicialmente pela doença periodontal ou fratura da tábua óssea vestibular durante a exodontia. Ainda mais o padrão de reabsorção óssea e perda de tecidos moles durante o primeiro ano após a perda dental, que é de 25% de sua largura e chega a 40 a 60% em 3 anos, localizado principalmente na parede vestibular (RODRIGUES, 2011).
Se nenhum enxerto ósseo for realizado em uma cavidade intacta, pode ser esperada uma perda de aproximadamente metade do volume da cavidade. O enxerto de bloco pode reduzir a perda de volume para 5 a 15%, mas o próprio enxerto ósseo não pode manter o volume da crista alveolar em sua plenitude. Consequentemente, os enxertos de tecidos moles podem ser utilizados para obter melhores resultados clínicos, compensar a perda da crista alveolar e proporcionar uma mucosa peri-implantar mais estável ao redor dos implantes.
Considerações em Relação à Estética
A Implantodontia, por ser um tratamento multidisciplinar, que envolve o cirurgião que colocará os implantes, o periodontista, o protesista, o protético e o ortodontista, enfim, uma verdadeira equipe (NEVES, 2006).
É importante que todos eles estejam em perfeita harmonia com o corpo clínico, para compreender e aplicar os pré-requisitos necessários para o sucesso do planejamento, tendo sempre em mente que para restabelecer a estética e a função requer o conhecimento de todas as modalidades do tratamento.
É preciso saber ouvir e entender o que realmente o paciente busca e deseja por meio dessa reabilitação, respeitando com isso as limitações de cada técnica, assim como o tempo cirúrgico de cada uma delas, principalmente nos casos de uma região em que a estética é muito requerida.
Ao planejarmos as cirurgias de implantes, devemos ter em mente as seguintes considerações:
- A área edêntula que receberá os implantes, com volume ósseo adequado.
- O local da inserção do(s) implante(s) deve ser preciso e muito bem planejado de acordo com a prótese.
- Próteses que tenham um perfil de emergência apropriado.
- E, logicamente, a prótese assemelhar-se o máximo possível com o dente natural.
As recessões de tecidos moles nos implantes levam a uma coroa protética mais longa com proporção ou pilar incorreto dos dentes, e o implante também pode ser exposto, o que dificulta ainda mais o controle da placa, principalmente se houver falta de mucosa queratinizada.
Portanto, os pacientes podem solicitar algum tipo de tratamento para evitar mais perda de tecido ou recuperar tecido previamente perdido (ZUCCHELLI et al., 2008).
Perda de volume, alterações de cor ou textura
A perda de volume geralmente ocorre após a extração do dente, especialmente se houver um defeito ósseo. Uma grande porcentagem de reabsorção ocorre nos primeiros 3 meses, mas a reabsorção pode continuar até anos após a extração em cavidades que originalmente continham uma parede óssea fina (ARAÚJO et al., 2015).
A perda de volume facial pode estar associada a uma parede óssea vestibular fina ou inexistente. Consequentemente, o tecido mole também se torna fino nessas áreas, o que pode predispor o paciente a desenvolver recessão da mucosa ou alterações de cor. A espessura do tecido é classificada como fina quando inferior a 2 mm no aspecto facial e espessa se apresentar valor superior a 2 mm.
Diferentes tipos de enxertos de tecidos moles são utilizados para diferentes fins em torno de dentes ou implantes. Para aumentar o volume dos tecidos moles, os enxertos autógenos de tecido conjuntivo (CTG) forneceram melhores resultados do que as matrizes dérmicas acelulares homogêneas ou matrizes heterogêneas de colágeno (FRIZZERA et al. 2019; ZUCCHELLI et al., 2018; EGHBALI et al., 2018).
Uma revisão sistemática demonstrou que o uso de enxertos autógenos de tecidos moles para aumentar a espessura da mucosa resultou em menor perda óssea marginal ao longo do tempo (THOMAS et al., 2018).
Há evidências científicas limitadas sobre o tratamento de defeitos estéticos de tecidos moles em implantes; portanto, a prevenção deve ser considerada para evitar complicações. É importante identificar pacientes e situações clínicas mais suscetíveis à ocorrência futura de alterações peri-implantares. Um biótipo fino, ausência de tecido queratinizado, defeitos ósseos extensos, alta linha de sorriso ou demanda estética, infecção, tabagismo e estado médico do paciente são condições que podem comprometer o tratamento do implante na área estética (KAN et al., 2018).