Resumo
Dentes supranumerários são descritos como anomalias no número de dentes devido a atividade excessiva da lâmina dentária (GHADERI; RAFIEE, 2015). O local de ocorrência mais comum é a região dos incisivos superiores e são mais prevalentes entre o sexo masculino do que o feminino, com uma proporção de 2: 1. A prevalência de dentes supranumerários é relatada sendo de 0,3% -0,8% na dentição decídua e 1,5 % -3,5 % na dentição permanente (SUKEGAWA et al., 2015).
Dentes supranumerários podem ser únicos ou múltiplos, unilaterais ou bilaterais, malformados ou normais em tamanho e forma, entrando em erupção ou impactados. Supranumerários únicos ocorrem em 64-86% dos casos, configurações duplas em 12-23%, e múltiplas de supranumerários em 1-5% dos casos (HATTAB, 2014). Estes podem ser classificados de acordo com sua forma / morfologia (suplementar ou rudimentar, incluindo cônica, tubercular e tipos molariformes) e localização (Mesiodentes, paramolar, e distomolar). Muitas complicações podem ser associadas a esses dentes como apinhamento, atraso na erupção, impactação, diastema anormal, lesões císticas, erupção ectópica, reabsorção radicular dos dentes adjacentes, entre outras. O diagnóstico precoce permite uma intervenção precoce, maior possibilidade de prognóstico favorável e o mínimo de complicações (SHARMA; SINGH, 2012).
Várias técnicas radiográficas são recomendadas, incluindo raios-X periapical, com desvio do centro do feixe (técnica de Clark), oclusal, e radiografias panorâmicas ou mesmo uma combinação delas. No entanto, a utilização de imagens bidimensionais pode exibir a presença de dentes inclusos, mas é comum a presença de distorções, efeitos de artefatos e superposição de imagem, não permitindo distinguir os detalhes como a localização exata destes dentes, o impacto sobre os dentes e estruturas adjacentes e a anatomia de raízes (MERRETT; DRAGE; SIPHAHI, 2013; KATHERIA et al., 2010; MAH; ALEXANDRONI, 2010). O avanço tecnológico permitiu o avanço dos métodos de diagnóstico por imagem, como a tomografia computadorizada tridimensional (CBCT) que permite imagens 3D, proporcionando informações não disponíveis em radiografias convencionais. A aplicabilidade desta técnica para odontologia é ampla e tem sido cada vez mais utilizada como método complementar para o diagnóstico de patologias Bucomaxilofacial e desordens temporomandibulares, bem como para a localização de dentes impactados, a colocação de implantes, cirurgias ortognáticas / craniofaciais, e planejamento ortodôntico (JEREMIAS et al., 2016).
O tratamento mais indicado é a remoção cirúrgica, a qual deve ser planejada levando em conta que em pacientes pediátricos, o condicionameto psicológico é fundamental. O conhecimento antecipado da posição real ocupada pelo dente supranumerário é imprescindível para a escolha da técnica cirúrgica que venha a preservar, ao máximo possível, a integridade das estruturas anatômicas e dos dentes adjacentes (GIOTTI, 2014; GUEDES-PINTO, 2012).
O objetivo desse estudo é relatar o caso clínico de paciente pediátrico submetido a intervenção cirúrgica para remoção de supranumerário que impedia o irrompimento de um dente permanente e consequente retenção prolongada do decíduo, bem como salientar a importância dos exames radiográficos complementares.