Resumo
Disfunção temporomandibular ou desordem temporomandibular (DTM) é o conjunto de anormalidades que envolvem os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas (LEEUW, 2010). Os principais sinais e sintomas são dores na região da ATM, cefaléia, dor nos músculos da mastigação, otalgia, dor orofacial, limitação de abertura de boca, dor durante a mastigação, zumbido, dor na mandíbula, dentre outros. A exacerbação desses sinais e sintomas acaba por limitar ou mesmo incapacitar o indivíduo em suas atividades fisiológicas (MENEZES, 2008).
A DTM abrange todas as faixas etárias, sendo sua incidência maior entre 20 e 45 anos. Entre os 15 e 30 anos, as causas mais freqüentes são as de origem muscular e a partir de 40 anos, de origem articular. É mais comum em mulheres do que em homens, numa proporção de cinco para cada homem (GRAZI et al., 2006). São classificadas em musculares, articulares e músculo articulares. As musculares atingem apenas os músculos responsáveis pela mastigação e do pescoço; as articulares caracterizam-se por distúrbios dentro da articulação e as músculo articulares acometem a musculatura e a articulação (OKESON, 2000).
Os exercícios terapêuticos têm sido utilizados na reabilitação e prevenção da DTM, objetivando o alivio da dor e a melhora da função, entretanto são poucos os trabalhos que comparam e discutem a eficácia dos mesmos. (MALUF et al., 2008). A fisioterapia dispõe de vários recursos no tratamento da disfunção da ATM, dentre elas a massoterapia, a cinesioterapia, termoterapia e eletroterapia, proporcionando, além do alívio da sintomatologia, o restabelecimento da função normal do aparelho mastigatório e da postura (GARCIA; OLIVEIRA, 2011).
A técnica da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) foi desenvolvida por Herman Kabat, e pela Margareth Knott. no Instituto Kabat-Kaiser, entre 1946 e 1951. A técnica e o método de tratamento em que são usadas visam a obter a máxima quantidade de atividade que pode ser conseguida em cada esforço voluntário e o maior número possível de repetições desta atividade para facilitar a resposta (ROSA, 2002). Favorecem movimentos funcionais por meio da facilitação, do fortalecimento, da inibição e do relaxamento de grupos musculares (NOGUEIRA et al., 2009). O princípio baseia-se na contração muscular isométrica e segue uma fase de relaxamento, com tensão diminuída do músculo (MANTOVANI; OTTERÇO, 2006).
A técnica utiliza contrações musculares concêntricas, excêntricas e estáticas, combinadas com resistência graduada e procedimentos facilitatórios adequados, todos ajustados para atingir as necessidades de cada paciente. Esse método permite um trabalho postural de alongamento muscular e de percepção proprioceptiva, desenvolvendo um trabalho consciente do próprio corpo (MELO et al., 2014).
Nos músculos, tem-se o fuso neuromuscular (FNM) e o órgão tendinoso de Golgi (OTG) cuja função é proteger o músculo de lesões. O FNM está localizado no ventre do músculo e detecta a extensão inesperada do músculo travando-o. Já o OTG está localizado no tendão e detecta seu estiramento relaxando o músculo contraído. Quando se tenta alongar o indivíduo, o FNM entra em ação, protegendo o músculo que está sendo alongado. Quando o indivíduo faz a força contrária ativa o OTG, que relaxa o músculo contraído inibindo a ação do FNM. Desta forma, consegue-se uma maior amplitude do movimento (CARCERONI, 2008).
A Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva acaba facilitando os órgãos tendinosos de Golgi a inibir os músculos nos quais eles se situam, usando o principio da inibição recíproca (MESQUITA & MEJIA, 2013).
O alongamento muscular passivo tem como objetivo o ganho de amplitude de movimento, a redução das tensões musculares, a melhora da coordenação, um maior grau de mobilidade, o desenvolvimento da consciência corporal, a liberação de movimentos bloqueados por tensões emocionais, a ativação da circulação e a melhora da capacidade mecânica dos músculos e das articulações (MEDLICOTT; HARRIS, 2006). É realizado por meio de uma força externa, aplicada pelo fisioterapeuta controlando a direção, a velocidade, a intensidade e a duração do alongamento dos tecidos moles que causam contratura e restrição da mobilidade articular (MATTA, 2002).