Resumo
O osteoma é uma lesão osteogênica benigna, definido como um tumor ósseo benigno do tecido conjuntivo decorrente da proliferação do osso esponjoso ou cortical, que acomete principalmente o esqueleto craniofacial (HORIKAWA et al., 2012) (VERMA; KALSOTRA, 2012); (GUNDEWAR et al., 2013); (CARVALHO; ANTUNES; MELO, 2008) (GONDO et al., 2008); (ALVES et al., 2011) (CUTILLI et al., 1992); (OGBUREKE et al., 2007).
Esse tumor apresenta maior incidência em região de mandíbula, seguido de maxila, seios paranasais e osso frontal (BOFFANO et al., 2012), sendo caracterizado pelo desenvolvimento exagerado e exacerbado dos ossos esponjoso ou compacto. Dependendo de sua localização, recebe a denominação de osteoma periférico ou central (GREEN et al., 1974).
A patogênese do osteoma ainda não é clara. Há relatos literários de ser uma neoplasia verdadeira, hamartoma, pequenos traumas ou infecção, processos inflamatórios de origem reacionais, alterações fisiológicas, hereditariedade (REGEZI; SCIUBBA, 2004) (THOMA; GOLDMAN, 1960) (SCHNEIDER; DOLINSKY; GRODJESK, 1980). O hamartoma pode surgir em função de um trauma menor que não é lembrado pelo paciente, resultando em um hematoma subperiosteal; associado à tração muscular atua no desenvolvimento inicial da lesão (CUTILLI et al., 1992); (KAPLAN et al., 1994); (BODNER et al., 1998). O papel dos fatores inflamatórios é sugerido aqui, assim como o de lesões e tratamentos anteriores no nariz e nos seios nasais, ou a teoria embriológica (SUMMERS et al, 2001) (ELLER; SILLERS, 2006) (BOFFANO; ROCCIA, 2012). Fatores genéticos podem afetar a formação de osteomas na síndrome de Gardner com a coexistência de pólipos intestinais, cistos epidermoides e tumores desmoides (BOFFANO; ROCCIA, 2012).
Os osteomas apresentam rara recorrência, apresenta maior incidência em homens do que em mulheres entre as idades de 20‐50 anos, na proporção de 2:1 (BLANCO DOMINGUEZ et al., 2016); (JANOVIC et al., 2013).
Os osteomas são lesões geralmente pequenas e assintomáticas, são identificadas como achados radiográficos, ou na expansão de tecido, causando assimetria facial ou distúrbios funcionais (VARBONCOEUR; VANBELOIS; BOWEN, 1990) (ZICCARDI; SMITH; BRAUN, 1995). Raramente um osteoma causa dor, a não ser que pressione estruturas adjacentes ou obstrua a passagem de nervos ou vasos (WEINBERG, 1977).
O osteoma pode ser classificado em três grupos relacionados à localização: central, periférico e extraósseo. O primeiro grupo pode ser diferenciado de outras patologias denominadas como exostoses, porque usualmente o osteoma é encapsulado (KHOSLA, 1970). O osteoma periférico é uma lesão rara (OGBUREKE et al., 2007), com características particulares de crescimento que a torna a forma mais fácil de diagnosticar, pode ser observada clinicamente e as imagens de radiográficas são claras. Os osteomas periféricos são vistos: no osso frontal, seios etmoidais e maxilares. O osteoma extraósseo surge do periósteo e, à medida que cresce, exibe um padrão pedunculado ou séssil, cuja base é contínua com a linha da cortical óssea (DEL VECCHIO et al., 1993).
A radiografia tradicional é geralmente o suficiente para o diagnóstico de osteoma. Os exames radiográficos de rotina por meio de radiografias: periapicais, panorâmicas e Waters são preconizados para tratamentos odontológicos convencionais, além de casos com presença de lesões maiores, suficiente para causar danos estético-funcionais decorrente do aumento de volume regional (OGBUREKE et al., 2007). Nas radiografias a lesão é radiopaca redondo ou oval, com projeção homogênea em uma ampla base ou será pediculada, com margens bem definidas, e assemelha com as patologias: fibroma ossificante, displasia fibrosa, displasia cemento-óssea, esclerose idiopática, cementoblastoma, osteomielite esclerosante crônica, osteoblastoma e osteoma osteoide. Entre os exames por imagem utilizados para diagnóstico e planejamento terapêutico desta patologia, destaca-se a tomografia computadorizada devido à possibilidade de visualização tridimensional da lesão, sua relação com estruturas anatômicas circunjacentes e maior qualidade de detalhamento (SEKERCI; SAHMAN et al., 2011). A Tomografia Computadorizada (TC) pode ser utilizada para uma avaliação pré-operatória completa da lesão, localização e natureza da lesão (LONGO et al., 2001); (DELBALSO; WERNING, 1986).
Os osteomas histologicamente apresentam duas variáveis distintas. Uma variável composta por osso compacto, denso com escassez de osso medular e a variável composta por trabéculas ósseas lamelares ou esponjosas com espaços medulares abundantes de tecido fibro-adiposo. A atividade osteoblástica é geralmente proeminente (SAYAN et al., 2002); (SHAFER; HINE; LEVY, 1987).
Fatores genéticos podem afetar a formação de osteomas na síndrome de Gardner com a coexistência de pólipos intestinais, cistos epidermoides e tumores desmoides. A síndrome em questão também poderá apresentar diversas desordens odontológicas, tais como: dentes supranumerários, impacção dentária e prevalência aumentada de osteoma. A Síndrome de Garden é justificada por uma desordem autossômica, dominante, presentes nos ossos paranasais, mandíbula e osso frontal, onde a maioria dos pacientes que apresentam deformidades ósseas, estão correlacionados com o diagnóstico de osteoma. As áreas mais comuns envolvidas pela a síndrome são os ossos paranasais, mandíbula e osso frontal. Essa síndrome poderá ser diagnosticada por meio do exame de colonoscopia (LARREA-OYARBIDEN et al., 2008).
A intervenção cirúrgica é recomendada quando existe comprometimento estético ou funcional e deve ser orientada para a resolução desses sintomas. O tratamento do osteoma na grande maioria das vezes, é cirúrgico para remoção da lesão, com o auxílio ou não de enxertias ósseas e uso de membrana de colágeno, apresentando grande resolutividade clínica. Tais tumores respondem bem à ressecção cirúrgica simples, havendo apenas um caso descrito de recidiva (CUTILLI; QUINN, 1992) (KAPLAN et al., 1994); (SHAFER; HINE; LEVY, 1987); (GIL-CARCEDO et al., 2011); (SHETTY; BIDDAPPA, 2015).
O intuito deste trabalho é relatar um caso de um osteoma periférico de mandíbula, no interior da mandíbula, causando aumento de volume de mandíbula com percepção de 30 dias.