Resumo
O tratamento endodôntico tem como objetivo prevenir e tratar a periodontite apical, permitindo o restabelecimento funcional e estético do elemento dentário. Normalmente o insucesso endodôntico tem origem microbiana, sendo que na maioria dos casos a infecção é intracanal persistente (refratária) relacionada a um tratamento realizado inadequadamente ou é resultado da recontaminação pós-tratamento endodôntico (secundária), frequentemente associado a falhas na restauração. Cerca de 4% dos casos de insucessos estão relacionados às infecções extrarradiculares, ao biofilme perirradicular ou à presença de microrganismos no interior das lesões apicais (SIQUEIRA, 2001). Condutas iatrogênicas, como fraturas de instrumentos, desvios apicais, formação de degraus e perfurações são complicadores que podem ou não estar associados aos fatores microbianos. A persistência da periodontite pode ter origem não microbiana, como o acúmulo de cristais de colesterol endógeno nos tecidos periapicais, lesões císticas e reação de corpo estranho provocada pela extrusão de material durante o tratamento endodôntico (SETZER, 2010; ZUOLO et al., 2017).
Ao se constatar o insucesso da intervenção endodôntica, pelo aparecimento ou persistência de sinais e sintomas da periodontite apical, o profissional deve procurar determinar a causa do fracasso e, em seguida, optar pela conduta mais adequada, viável e com melhor prognóstico. Nesses casos, três possibilidades terapêuticas se apresentam: reintervenção convencional, cirurgia perirradicular e exodontia, com colocação de implante. Para optarmos entre a reintervenção convencional ou cirurgia perirradicular é preciso levar em consideração aspectos relacionados ao tratamento endodôntico prévio, bem como sua restauração e a possibilidade de acesso aos canais, principalmente o terço apical (FAVIERI, 2008; ASGARY, 2010). Embora os procedimentos relativos à reintervenção convencional tenham evoluído muito nos últimos anos com a incorporação de novos recursos tecnológicos, a eliminação dos agentes microbianos do terço apical das raízes, particularmente o biofilme intra e extrarradicular, ainda constitui um grande desafio (LOPES; SIQUEIRA, 2015).