Resumo
O sorriso tem grande importância na estética facial das pessoas e é uma característica fundamental da estética geral. Os olhos de uma pessoa, em um face a face, observa inicialmente os olhos e, imediatamente depois, a boca e o sorriso de outra pessoa. Assim, a estética facial e um sorriso agradável se tornaram grandes razões para muitos pacientes para solicitar ortodontia e outros tipos de tratamentos odontológicos. Academia Americana de Odontologia Cosmética, em 2013 e 2015, relatou que 86-89% dos pacientes odontológicos procuraram tratamento para melhorar atratividade física e autoestima. A estética do sorriso pode ser afetada pela quantidade e exposição tecidual durante a elevação do lábio superior no sorriso espontâneo. A estética é importante na prática odontológica contemporânea, e um sorriso agradável depende da arquitetura do tecido gengival e características dentárias (LIU et al., 2018; ZUCCHELLI et al., 2018).Um sorriso gengival afeta o estado estético e psicológico do paciente, pois geralmente diminui a autoconfiança levando a esconder ou controlar o sorriso (MOSTAFA, 2018). Existem diferentes possíveis etiologias para o sorriso gengival, em que o diagnóstico é fundamental para o correto prognóstico e escolha de possibilidade de tratamento. Essa ocorrência pode ser associada ao crescimento vertical, extrusão dentoalveolar, lábio superior curto, hiperatividade do lábio superior, erupção passiva alterada, ou a combinação de vários fatores (GARBER; SALAMA, 1996; LEVINE; MCGUIRE, 1997). A Academia Americana de Periodontologia considera erupção passiva alterada como uma alteração e mucogengival ao redor dos dentes que pode levar a uma exposição exagerada desses tecidos moles, uma exposição visível da gengiva de > 2 mm da borda inferior do lábio superior já pode ser considerada sorriso gengivoso (ARMITAGE, 1999; PEREZ; SMUKLER; NUNN, 2007).O sorriso gengival é usualmente tratado com gengivectomias visando expor a coroa anatômica do elemento dental recoberto pelo tecido gengival, posicionando apicalmente esses tecidos, necessitando ou não de cirurgia ressecativa óssea, osteotomia/osteoplastia (GARBER; SALAMA, 1996). A necessidade de reduzir espessura óssea para mudar a relação entre a crista óssea e a junção cemento-esmalte em dentes adjacentes favorecem cirurgia de retalho posicionada apicalmente com recontorno ósseo. Devemos atentar para a importância da distância pós-cirúrgica entre a junção cemento-esmalte e o osso; a crista não deve ultrapassar 1-2 mm para a estabilidade dos resultados cirúrgicos (CAIRO et al., 2012; CHU; KARABIN; MISTRY, 2004; ZUCCHELLI, 2013).O aumento de coroa clínica estético é uma das técnicas muito estudadas e discutidas na cirurgia plástica periodontal atualmente (MOSTAFA, 2018). O procedimento tradicional é realizado com a elevação de um retalho para a exposição da crista óssea para posteriormente ser executada a osteotomia e osteoplastia. Entretanto, nos casos de biótipo fino e intermediário, é possível indicar um procedimento sem a elevação de retalho, possibilitando a realização de uma osteotomia intrassucular por meio de uso de microcinzéis específicos. Esta modalidade tem como vantagem um menor trauma cirúrgico, rapidez, e ausência da necessidade de suturas, aumentando o conforto e melhorando o processo cicatricial da ferida. É importante entendermos que as técnicas “flapless” são mais sensíveis, visto que os riscos teciduais são maiores. Além disso, a sondagem periodontal torna-se importante para verificar a distância entre a junção cemento/esmalte, ou limite da futura prótese, e a crista óssea alveolar, para definir com exatidão a extensão da osteotomia (CARVALHO; SILVA; JOLY, 2011).Diante do abordado, o objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico de aumento de coroa clínica por meio de gengivectomia/gengivoplastia e osteotomia/osteoplastia sem elevação de retalho com finalidade estética para correção de sorriso gengivoso.