Resumo
As perdas prematuras de unidades dentárias posteriores geralmente levam à diminuição de osso alveolar com consequente
pneumatização dos seios maxilares na maxila, e da superficialização do nervo alveolar na mandíbula, tornando improvável a reabilitação das regiões posteriores com implantes, sem recorrer a técnicas de reconstrução óssea. Em alternativa, deve-se
considerar a colocação de implantes angulados, que potencializam a utilização máxima do osso remanescente (BROWAEYS et al., 2014).
O conceito “All-on-four” é desenhado para transpor as limitações anatômicas dos pacientes edêntulos totais, promover soluções protéticas fixas suportadas por implantes, e evitar a utilização de técnicas de enxertia e aumento de volume ósseo. Logo, o conceito “All-on-four” foi sedimentado em situações de pneumatização dos seios maxilares e superficialização do nervo alveolar inferior e
mentoniano, impossibilitando a instalação de implantes nas regiões posteriores sem recorrer a técnicas de aumento de volume ósseo (BALSHI et al., 2014).
O conceito de tratamento “All-on-four”, originalmente, foi desenvolvido para maximizar o uso do osso remanescente disponível nas
mandíbulas atróficas, permitindo a função imediata e evitando procedimentos regenerativos que aumentam os custos do tratamento e morbidade do paciente, bem como as complicações inerentes a esses procedimentos. O protocolo cirúrgico utiliza
quatro implantes na parte anterior da mandíbula desdentada para suportar uma prótese provisória, fixa e imediatamente carregada. Os dois implantes mais anteriores são posicionados axialmente, enquanto os dois implantes posteriores são colocados distalmente e angulados em 30° a 45° para minimizar o comprimento do cantiléver, e permitir a aplicação de prótese com até 12 dentes, aumentando, assim, a eficiência mastigatória (MALÓ et al., 2015; SOTO-PEÑALOZA et al., 2017). Vale registrar que o mesmo conceito é empregado, atualmente, nas maxilas.
A utilização de implantes angulados distais representa a chave do sucesso neste conceito de reabilitação, que melhora o comportamento biomecânico das próteses e, por isso, também pode ser empregado na maxila e mandíbula, mesmo sem
limitações anatômicas. É notório que há vantagem biomecânica na utilização de implantes angulados distais, em oposição à utilização de implantes retos, uma vez que os angulados são longos e aumentam a estabilidade primária, e permitem a redução do
número de dentes suspensos, ou seja, diminuem ou eliminam o cantiléver distal, atenuando as tensões sobre a prótese implantossuportada (BROWAEYS et al., 2014; HOPP et al., 2017).
Cita-se, também, como vantagem o fator econômico, a confiabilidade do tratamento, pois observa-se taxa de sucesso de 92,2 a 100% nas reabilitações, e o impacto do conceito All on four sobre a qualidade de vida dos pacientes, que revelaram, em pesquisas, estarem muito satisfeitos com o tratamento empregado (BABBUSH et al., 2011; DI et al., 2013; BABBUSH et al., 2014).
Objetiva-se relatar um caso clínico de reabilitação total, no qual foi empregado o conceito All-on-four.