Resumo
A articulação temporomandibular (ATM) é uma articulação bilateral e formada pela relação entre a mandíbula e o osso temporal, sendo constituída pelas superfícies articulares, côndilo mandibular e cavidade glenoide do temporal, com interposição de um disco fibrocartilaginoso, o disco articular (LIU et al., 2013).
O disco articular é uma fibrocartilagem complexa, localizado entre as superfícies articulares do osso temporal e da mandíbula. É um disco com forma bicôncava e elíptica. Anterossuperiormente é de início côncavo e depois convexo (da frente para trás), para se adaptar ao tubérculo articular e à fossa mandibular. Posteroinferiormente é côncavo, para se adaptar à cabeça do processo condilar (MARTINS et al., 2014).
O disco articular é dividido em três porções, de acordo com a espessura: a zona central é a mais fina e é designada por zona intermédia; a zona anterior é mais espessa e é onde se inicia a inserção do músculo pterigoide lateral; e o bordo posterior é levemente mais espesso que o anterior. Na periferia, o disco é vascularizado e inervado, mas na zona central não possui qualquer tipo de vascularização. Une-se à fissura petrotimpânica por meio do ligamento superior e inferiormente adere aos polos lateral e medial do côndilo da mandíbula (KUMAR et al., 2013).
As disfunções da articulação temporomandibular (DTM) podem ser caracterizadas por uma relação anormal entre o disco articular, o côndilo e a fossa articular. As patologias intracapsulares da ATM são descritas como disfunções caracterizadas por deslocamento do disco, adesões intracapsulares, perfuração do disco, doenças inflamatórias (derrame articular) e degenerativas (erosão do disco e osteófitos) (FARIA et al., 2010).
A causa e a patogênese das desordens da articulação temporomandibular são multifatoriais, envolvendo fatores psicológicos, comportamentais e do meio ambiente. Outras causas incluem trauma local ou procedimentos que causem estresse articular (VALLADARES et al., 2010).
O deslocamento de disco da ATM é definido como uma relação anormal do disco articular com o côndilo mandibular, fossa e eminência articulares. É importante ressaltar que os deslocamentos de disco também podem se apresentar com ausência de sintomas e sem interferência da função articular a curto prazo. Dos distúrbios intra-articulares existentes, o deslocamento do disco articular é a situação clínica mais frequente (DONNARUMMA, 2010).
Os deslocamentos de disco podem acontecer com ou sem redução. A classificação dependerá do restabelecimento da relação normal entre o disco articular e o côndilo mandibular, no movimento de abertura da boca. Quando o disco retorna para a posição de normalidade em boca aberta, define-se como deslocamento com redução. No entanto, quando o disco permanece deslocado na posição de abertura máxima da boca, considera-se como deslocamento sem redução (FERREIRA, 2009).
O deslocamento do disco articular sem redução da ATM é comumente conhecido como “Closed Lock”. Pode se apresentar de duas formas: a aguda, que se caracteriza por uma limitação acentuada da abertura da boca (≤ 35 mm), persistente, com história de instalação súbita; deflexão para o lado afetado na abertura da boca; laterotrusão limitada para o lado contralateral (se for unilateral) e dor. Ao exame de imagem de tecido mole está presente um disco articular deslocado sem redução, e a imagem de tecido duro não revela nenhuma alteração osteoartrítica extensa. Já a crônica caracteriza-se por história de instalação súbita de limitação da abertura de boca que ocorreu há mais de 4 meses; imagem de tecido mole revelando disco articular deslocado sem redução, e imagem de tecido duro sem revelar alteração osteoartrítica extensa, podendo estar presente dor, que é muito reduzida quando comparada à do estágio agudo (LEEUW, 2010).
Segundo Bove et al. (2005), a Técnica de Minagi é uma manobra de fácil execução, não invasiva e efetiva para restabelecer a dinâmica dos movimentos mandibulares. A manobra de Minagi deve ser realizada da seguinte maneira: da posição de máxima intercuspidação, estando os dentes com leve toque, desloca-se a mandíbula para o lado contralateral ao deslocamento do disco na maior extensão possível suportada pelo paciente. Atingida a posição, realiza-se a abertura total da boca, quando ocorre a recaptura do disco articular. Em seguida é pedido que o paciente feche a sua boca numa posição protrusiva e repita o movimento por mais algumas vezes sem que os dentes venham a ocluir. Após a manipulação deve ser observada a correção do desvio no movimento de abertura e uma amplitude de abertura maior que 7 mm em relação à medida inicial. Deve ser instalado um dispositivo interoclusal anterior parcial e uma placa com recobrimento oclusal.
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar os resultados do tratamento de Deslocamento de Disco em Redução (DDSR) utilizando a Técnica de Minagi.