Resumo
A disfunção temporomandibular (DTM) é descrita como um subgrupo das dores orofaciais, com sinais e sintomas que incluem dor ou desconforto na articulação temporomandibular (ATM); nos ouvidos; músculos mastigatórios e cervicais, de um ou ambos os lados; estalidos; crepitação; amplitude de movimento mandibular limitada; desvios; e dificuldade de mastigação (AMERICAN ASSOCIATION OF OROFACIAL PAIN, 2003). Atualmente o modelo biopsicossocial tem ganhado destaque, promovendo uma ampla discussão sobre a influência dos fatores emocionais na etiologia da DTM (GAMEIRO et al.; FERNANDES et al., 2013). Neste sentido, a tensão emocional, o estresse, a ansiedade e a depressão têm sido associados à presença de sinais e sintomas dessa disfunção em diferentes populações (MONTEIRO et al., 2011; GIANNAKOOPOULOS et al., 2010; MOTTAGHI et al., 2011; CALIXTRE et al., 2014). Esses fatores, especialmente o estresse e a ansiedade, podem causar hiperatividade muscular e o desenvolvimento de hábitos parafuncionais, levando ao comprometimento da ATM e lesões musculares (WINOCUR et al., 2001; FERNANDES et al., 2013).
Os estudos têm mostrado uma relação entre sintomas otológicos e disfunção temporomandibular (BERNHARDT et al., 2004; FELÍCIO et al., 2008; COX, 2008; BERNHARDT et al., 2011; HILGEMBERG et al., 2012, SALDANHA et al., 2012). Os sintomas como otalgia, zumbido, sensação de diminuição de acuidade auditiva, tonturas e vertigens fazem parte de um conjunto de sintomas que requerem atenção dos especialistas, como médicos otorrinolaringologistas, dentistas e fonoaudiólogos, para desenharem um diagnóstico diferencial e o tratamento mais adequado (FELÍCIO, 1999; KUTTILA et al., 1999).
Na população em geral, o zumbido tem uma prevalência que é em torno de 15% a 20% (LAM et al., 2001), na população com DTM apresenta uma prevalência entre 33 e 76%, esse dado chama a atenção dos pesquisadores. A percepção do som, na ausência de um estímulo externo, assim definimos o zumbido (AHMAD; SEIDMAN, 2004). É identificado como um chiado, apito, barulho de chuveiro, de campainha, de esvoaçar de inseto, de pulsação do coração, apresentando-se de forma contínua ou intermitente e de intensidade variável (PERSON et al., 2005).
O zumbido pode interferir na qualidade de vida dos indivíduos, atrapalhando o sono, dificultando a concentração nos estudos, no trabalho, assim como na vida social (SANCHEZ et al., 2005). O zumbido subjetivo, que é aquele percebido apenas pelo paciente, tem várias condições clínicas que podem causar ou interferir na apresentação, como as doenças otológicas, anormalidades vasculares, doenças metabólicas, doenças neurológicas, farmacológicas ou sintomas induzidos por medicação, fatores dentários ou emocionais (OTORRINOLARINGOLOGIA, 2003). Assim, qualquer situação clínica que seja capaz de alterar a fisiologia da via auditiva pode associar-se ao zumbido.
Estudos sobre DTM e zumbido têm sugerido tratamentos não específicos, como biofeedback, relaxamento, terapia cognitiva, uso de benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos e acupuntura; os quais se mostram satisfatórios para ambas as disfunções (WRIGHT; SCHIFFMAN, 1995; OKESON, 1996; OKESON, 2003). Todos esses procedimentos necessitam da compreensão do paciente para execução correta.