Resumo
A disfunção temporomandibular (DTM) é um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas. Quanto aos sinais, encontram-se primariamente a sensibilidade muscular e da ATM à palpação, limitação e/ou distúrbios dos movimentos mandibulares e ruídos articulares (LEEUW, 2010). A queixa mais comum nas desordens temporomandibulares é a dor, geralmente localizada nos músculos mastigatórios, na área pré-auricular ou articulação temporomandibular, que pode ser agravada pela mastigação ou qualquer outra função mandibular (ZAKRZEWSKA, 2015). Indivíduos com essa desordem ainda podem apresentar limitação e assimetria nos movimentos mandibulares, sons na articulação, hipertrofia dos músculos mastigatórios, desgaste oclusal atípico associado à parafunção, dores de cabeça, ouvido, dor facial e mandibular (PLESH; ADAMS; GANSKY, 2012).
A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória reumática que afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações do esqueleto axial, provocando incapacidade e alterações na funcionalidade e na qualidade de vida dos pacientes (BRAUN; SIEPER, 2007; LEE; WEINBLATT, 2001). A prevalência da EA na América Latina varia de 0,30% a 0,19% e não foi determinada na população brasileira (DEAN et al., 2014; MARQUES NETO et al., 1993). A EA caracteriza-se pelo surgimento de dores, associadas à rigidez matinal, que diminui de intensidade durante o dia, tendo caráter agudo com o repouso e atenuando-se com a atividade física (IBN YACOUB et al., 2011). É uma doença sistêmica cujo tratamento principal deve ser realizado por um reumatologista.
O acometimento da articulação temporomandibular é uma situação raramente observada (MANEMI; FASANMADE; REVINGTON, 2009). Porém, seu envolvimento, em alguns casos, pode ocasionar sintomas graves. Episódios de cefaleia frequentes de longa duração e dor maxilar ao movimento de abertura bucal são os sintomas mais frequentes (JERJES et al., 2008). Para uma correta indicação terapêutica, a avaliação de todos os possíveis sintomas juntamente com o trabalho em equipe é fundamental.
O presente capítulo relata um caso de dor na articulação temporomandibular secundária à espondilite anquilosante, abordando seus aspectos clínicos e terapêuticos.