Resumo
A articulação temporomandibular (ATM) é considerada a mais complexa das articulações do corpo humano. É composta de estruturas ósseas, cartilaginosas, ligamentos e musculatura associada, sendo responsável pelos movimentos mandibulares, em decorrência das ações dos músculos mastigatórios (MERIGHI et al., 2007).
As desordens temporomandibulares (DTM) são causas de dores na região orofacial de crianças e adolescentes (AL-KHOTANI et al., 2016). Podem ser definidas como uma variedade de condições clínicas, que afetam os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular (ATM) e estruturas associadas (HORTON et al., 2016).
Dor é definida como uma “sensação sensorial” e experiência emocional desagradável com dano tecidual real ou potencial (LEEUW; KLASSER, 2013), que interfere psicologicamente e na qualidade de vida do ser humano. É sabido que experiência de dor em crianças é diferente do que a vivenciada por adultos (HORSWELL; SHEIKH, 2018).
As crianças raramente procuram tratamento para a disfunções temporomandibulares, devido ao próprio fato de desconhecerem os problemas e dependerem do entendimento de seus responsáveis. Porém, se o dentista que as acompanham estiver capacitado a diagnosticar corretamente sinais e sintomas, o mesmo contribuirá para a prevenção e resolução do caso (HOWARD, 2013).
A etiologia da DTM é multifatorial e relaciona-se com um grupo heterogênio de fatores funcionais, estruturais e psicológicos (SENA et al., 2013). Dor nos músculos e na ATM, sensibilidade à palpação, limitação de abertura de boca, movimentos assimétricos, sons articulares, dor de cabeça são alguns dos sinais e sintomas da DTM (GIANE DA SILVA et al., 2015). Além disso, a ansiedade e depressão têm sido observadas na população pediátrica como sinais e sintomas de DTM (PIZOLATO; FREITAS-FERNANDES; GAVIÃO, 2013).
Howard (2013) reporta uma grande variabilidade nos resultados quando o assunto é a prevalência dessa condição em crianças. Isso se deve a não especificidade, ausência de métodos diagnósticos e protocolos padronizados para avaliação da DTM nessa faixa etária. Al-Khotani et al. (2016), mostram que a prevalência de DTM em crianças é rara e que não há predileção por gênero, acometendo meninos e meninas na mesma proporção, porém se tornam mais prevalentes na adolescência e, na fase adulta, com uma incidência maior em mulheres, entre 15 e 50 anos de idade.
Dentre os instrumentos de avaliação da DTM, de maneira geral, destacam-se os questionários, avaliações clínicas, exames radiográficos, tomográficos e de ressonância magnética, que podem ser utilizados de acordo com a aplicabilidade e os objetivos do profissional (SENA et al., 2013).
Merighi et al. (2007) relatam que estudos sobre DTM em crianças são recentes e têm demonstrado a importância da detecção e intervenção precoce, buscando reduzir os possíveis prejuízos relacionados a problemas no sistema estomatognático e psicosociais, além de reforçar a importância de reconhecer crianças com pré-disposição para desordens do sistema estomatognático.
O presente trabalho tem como objetivo abordar, por meio de um relato de caso clínico, as características da Disfunção Temporomandibular em uma adolescente, proporcionando a desmistificação na abordagem precoce para a promoção de bem-estar biopsicosocial nessa paciente.