Resumo
O termo gengivoplastia foi introduzido por Goldman, e refere-se ao recontorno plástico da gengiva para recuperar sua forma fisiológica. A harmonia do sorriso é determinada não apenas pela forma, posição e cor dos dentes, mas também pelos tecidos gengivais (DAYAKAR, 2014). O sorriso é formado pela união de três componentes, lábio, dentes e gengiva (OHBA, 2013; PEDRON; AULESTIA-VIERA, 2016) que devem estar distribuídos de forma harmônica. O sorriso exagerado é uma situação estética que pode afetar um grande número de pessoas. Dayakar (2014) relata uma prevalência que varia entre 10,5% e 29% da população.
A etiologia do sorriso gengival está relacionada a diferentes fatores, tais como: erupção passiva alterada, aumento do volume de gengiva devido ao acúmulo de placa bacteriana ou uso de medicamentos e, finalmente, excesso vertical de maxila (ARAÚJO; KINA; BNIGERA, 2014).
A erupção passiva alterada dos dentes se dá, principalmente, devido ao desenvolvimento dos fatores genéticos que podem levar à persistência da quantidade excessiva de tecidos moles sobre a superfície do esmalte. De fato, após a conclusão da fase de erupção ativa, geralmente ocorre a migração apical dos tecidos moles. Durante este processo, a junção epitelial apical desloca-se para o nível de junção cemento-esmalte (JCE), atingindo posição final da margem gengival ligeiramente coronal. Os casos mais graves podem também estar associados ao crescimento da base esquelética maxilar (CAIRO, 2012)
A exposição gengival excessiva ao sorrir pode apresentar-se de modo localizado ou estender-se por uma área maior do sorriso. Quando na forma localizada, pode situar-se simétrica ou assimetricamente nas regiões posteriores, intermediárias ou anterior do arco superior, acontecendo mais frequentemente na região dos incisivos superiores (SEIXAS; COSTA-PINTO, 2014). A altura do sorriso é influenciada pelo sexo e idade. Há evidências de que as mulheres apresentam sorrisos mais altos do que os homens e que a exposição dentogengival diminui com a idade (VIG; BRUNDO, 1978). Essas informações têm relevância clínica, uma vez que a gengiva se autocorrige em certa medida ao longo do tempo, especialmente nos homens (VIG; BRUNDO, 1978; DESAI; UPADHYAY; NANDA, 2009).
Condições fisiológicas ou patológicas resultam em exposição acentuada da gengiva, limitando a expressão facial (ESPÍN; BUENDÍA, 2013; INDRA et al., 2011; RAO et al., 2015). Desse modo, esse excesso de exposição é denominado de sorriso gengival exagerado e deve estar limitado a 3 mm (ESPÍN; BUENDÍA, 2013; RAMU; SHIVAPPA; SIRAJ, 2014). O alongamento da coroa tem sido tradicionalmente utilizado como complemento à odontologia restauradora nos casos em que as margens da coroa protética se encontram subgengivalmente (GAUTAM, 2013). O índice de relação conhecido como “padrão-ouro” determina que a largura dos incisivos maxilares deve ser de aproximadamente 80% do seu comprimento, com variações aceitáveis entre 65% e 85%, enquanto que para os incisivos laterais superiores essa mesma proporção deve ser de cerca de 70% (SEIXAS; COSTA-PINTO; ARAÚJO, 2011).
Diversas opções terapêuticas são apresentadas para correção do sorriso gengival tais como toxina botulínica (RAMU; SHIVAPPA; SIRAJ, 2014; MAZZUCO R.; HEXSEL, 2010), reposicionamento labial (RAO et al., 2015; ABDULLAH et al., 2014), cirurgia ortognática (OHBA, 2013) e gengivoplastia.
A Periodontia é um dos ramos da odontologia que busca soluções na construção da estética facial, na qual a harmonia entre lábios, dentes e gengiva é extremamente importante. O objetivo do presente trabalho foi apresentar um caso clínico para correção do sorriso gengival por meio do procedimento cirúrgico de gengivoplastia associado à osteotomia.