Resumo
Os implantes foram concebidos como um meio de estabilizar próteses em pacientes totalmente desdentados e altamente comprometidos. Eles também foram desenvolvidos para restaurar a função e, em menor grau, a estética e fonética. Há alguns anos os fatores mais importantes na implantodontia eram a qualidade e quantidade ósseas, os pré-requisitos para a osseointegração. Nesse tempo, o objetivo era colocar o implante no osso e a posição dos implantes era determinada pela arquitetura óssea. O procedimento cirúrgico era considerado o fator determinante no processo restaurador, e radiografias e tomografias eram as únicas informações requeridas para planejar o posicionamento ideal do implante, esperando-se que munhões angulados compensassem eventuais problemas estéticos.
Hoje, essa indicação inicial foi superada e os implantes são utilizados para substituir qualquer situação de edentulismo, unitário, parcial ou total. Mas essa mudança exigiu uma reviravolta no diagnóstico, planejamento e habilidades técnicas dos profissionais envolvidos. Para os implantes terem sucesso respondendo às necessidades em termos de estética, fonética e função de um paciente parcialmente desdentado, eles devem ser forçados a satisfazer os mesmos princípios estéticos dos dentes naturais ou restaurações convencionais, e o fator comum em todas as restaurações estéticas é o perfil dos tecidos moles que devem ter, nas três dimensões, um perfil idêntico ao do tecido mole ao redor de um dente contralateral.
Para atingir esses objetivos, pode ser necessário restaurar a anatomia dos tecidos moles e duros vertical e horizontalmente (BAHAT; FONTANESI; PRESTON, 1993).
Isso provocou uma reversão na filosofia do implante: instalação de implante guiado pela restauração, que estipula que em todo planejamento de tratamento com implantes a forma final da restauração é decidida primeiro e determina todos os procedimentos subsequentes. O implante é visto apenas como uma extensão apical desta restauração, com suporte ósseo e tecidos moles reconstruídos, se necessário, para localizá-lo idealmente, simulando os dentes naturais adjacentes (GARBER, 1995).
Touati propõe fazer previamente um enceramento da futura restauração e dos tecidos moles a serem reconstruídos e a confecção de uma guia cirúrgica para orientação do posicionamento ideal determinado pela prótese (TOUATI, 1997).
Prever o comportamento dos tecidos ósseo e moles após a instalação dos implantes e assim intervir antes, durante ou após a sua instalação, passou a ser o objetivo dos estudos (SAADOUN; LE GALL, 1998), (SALAMA et al., 1998).
Em 1999 foi publicado o que é, desde então, o guia definitivo para o posicionamento tridimensional ideal do implante respeitando a posição da futura restauração e a biologia dos tecidos circundantes para obter os melhores resultados de estética, fonética e função (SAADOUN; LE GALL; TOUATI, 1999).