Resumo
Desde o início da osseointegração, foram incessantes os estudos em Implantodontia que buscavam melhorar o desenho e a superfície dos implantes, e aprimorar técnicas cirúrgicas existentes – sempre visando resultados estéticos, longevos e mais confortáveis para o paciente. Os casos complexos, muitas vezes eram os mais desafiadores, pois algumas vezes exigiam tratamentos prolongados e processos cirúrgicos invasivos (MISCH et al., 2006; NELDAM; PINHOLT, 2012).
Entretanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias, esse cenário começou a mudar e, atualmente, os implantes curtos e os implantes estreitos se tornaram ótimas opções para a resolução de casos complexos (NELDAM; PINHOLT, 2012). Além de serem cirurgicamente menos traumáticos, os tratamentos com esses implantes alcançam resultados estéticos e com alta taxa de sobrevida, principalmente em pacientes que apresentam pouca disponibilidade óssea e pouco espaço entre os dentes, e também diabéticos.
O uso do implante compacto
Normalmente, se considera um implante curto aqueles com comprimento abaixo de 7 mm (MENCHERO-CANTALEJO et al., 2011). Eles são indicados para casos em que a disponibilidade óssea em altura do paciente não é compatível com a instalação de implantes de comprimento regular, ou seja, acima de 8,5 mm (NELDAM; PINHOLT, 2012). Para que a reabilitação do paciente seja previsível e obtenha sucesso longitudinal, alguns aspectos do design dos implantes curtos devem ser considerados, como conexão cone-morse, tratamento de superfície e roscas na região do módulo da crista. Nos implantes curtos, na maioria dos casos, a relação coroa/implante é bastante desfavorável, o que pode levar à falha da reabilitação. Outro fator importante é que nem todos os implantes curtos são confiáveis: alguns apresentam tendência a saucerizar no módulo da crista, não têm quantidade de osseointegração (contato osso/implante) favorável e a conexão protética não favorece a distribuição das cargas mastigatórias e a retenção da prótese.
Porém, quando escolhido o sistema adequado, os implantes curtos tornam-se um recurso que minimiza os traumas que poderiam ser causados por enxertos ósseos.
Contudo, ao optar por esse caminho para a reabilitação do paciente, deve-se ter em mente também que a superfície do implante precisa favorecer a osseointegração, ou seja, aumentar o percentual de contato osso/implante por unidade de comprimento da peça. A maior resistência da interface osso/implante pode compensar a ausência de comprimento da peça (KOTSOVILIS et al., 2009). A conexão protética deve ser cone-morse, para proteger o parafuso que retém a prótese em caso de carga lateral, evitando afrouxamentos e fraturas. Por fim, o módulo da crista do implante precisa conter elementos de retenção, como roscas e tratamento de superfície, que evitam o cisalhamento e distribuem melhor as tensões. Isso evita a perda óssea peri-implantar, que normalmente ocorre em implantes convencionais, principalmente hexágono externo, nos primeiros meses em função (GRANT; PANCKO; KRAUT, 2009).
Também é relevante considerar os aspectos básicos do planejamento da reabilitação, como ajuste oclusal, maior número e largura possível dos implantes, posicionamento que favoreça a carga no longo eixo do implante e tamanho compatível da mesa oclusal. Em contrapartida, é possível afirmar que os implantes curtos podem não ser indicados nos casos em que a ausência de disponibilidade óssea em altura também interfere no resultado estético da reabilitação. Nessas condições, o enxerto é necessário para harmonizar e compatibilizar o tamanho da coroa clínica da reabilitação implantossuportada com os dentes remanescentes do paciente.
O uso do implante estreito
Normalmente são considerados implantes estreitos, aqueles que contam com 2,5-3 mm de diâmetro, e geralmente são indicados para áreas edêntulas em que o espaço mesiodistal disponível é reduzido. Graças à sua pequena espessura, eles protegem estruturas bucais vitais e sua vascularização, e costumam ser uma escolha eficiente para regiões com pouca disponibilidade óssea, já que possuem boa adaptação aos mais variados tipos de osso (KING et al., 2016).
Uma indicação bastante usual é a de reposição de incisivo inferior ou do incisivo lateral superior, que são dentes com coroas mais estreitas. Porém, algumas vezes eles podem ser utilizados para o tratamento de outras áreas onde as raízes adjacentes ao espaço edêntulo estejam próximas e um implante de diâmetro padrão não possa ser instalado (VIGOLO et al., 2004; CORDARO et al., 2006).
Outro caso comum seria seu uso para evitar a cirurgia de aumento ósseo. Logicamente, nestes casos, deve-se tomar muito cuidado em relação ao ajuste oclusal da prótese sobre implante, pois, como não se trata de dentes como incisivos inferiores ou incisivos laterais superiores, é suposto que outros dentes terão maior demanda funcional. Uma vez que o diâmetro do implante é reduzido e possui menor contato osso/implante, haverá maior chance de fratura da peça ou da conexão protética. Por esse motivo, não é comum a instalação de implantes estreitos unitários em áreas posteriores, que apresentam maior demanda funcional devido à carga mastigatória (POLIZZI et al., 1999; HALLMAN, 2001; ANDERSEN et al., 2001).
A demanda por um sorriso estético e harmônico vem aumentando o interesse dos pacientes em reabilitar proteticamente as arcadas dentárias no menor tempo possível (PASSIG-MACHADO; MARZOLA, 2011).
Nosso objetivo é discutir a partir desse caso já realizado, a vantagem da instalação de implantes curtos e estreitos para evitar a necessidade da realização de cirurgias de enxerto em espessura e ou em altura.
Esta pesquisa não apresenta riscos previstos para os voluntários, a não ser os riscos inerentes a uma cirurgia com implantes dentários, incluindo dor, desconforto e edema. Os riscos deste “Relato de Caso” também estariam envolvidos com a divulgação e identificação não autorizada pelo paciente, porém todos os cuidados serão tomados para que não seja exibida a identidade dele, e a autorização para uso de imagens será obtida por meio de TCLE.
Quanto aos benefícios, com este trabalho poderá ser identificada a vantagem do uso de implantes estreitos e curtos. O uso desses implantes reduz o número de cirurgias, já que evita a necessidade de cirurgias de enxerto, além de diminuir a complexidade e morbidade das mesmas.