Resumo
O grande desafio da Odontologia ao longo do tempo tem sido o de restituir ao paciente oralmente mutilado a função, a fonética, o conforto e a saúde do sistema estomatognático. A implantodontia, a partir da técnica de osseointegração, veio suprir essa lacuna, tornando-se uma alternativa terapêutica importante nas últimas décadas (IRINAKIS, 2006).
Os implantes de titânio mostraram-se capazes de formar uma união direta e estrutural entre a sua superfície e o tecido ósseo vivo, sem causar reações adversas aos tecidos humanos. Com o advento da osseointegração, uma estabilidade e manutenção dos implantes submetidos a cargas funcionais foram alcançadas, proporcionando sucessos clínicos a longo prazo (SENNERBY; GOTTLOW, 2008).
Quando um implante é colocado em um alvéolo fresco, não estão presentes todas as condições ideais para a osseointegração, principalmente no que diz respeito ao contato íntimo osso/implante, onde somente uma parte desse implante está em contato com o osso ao seu redor (MISCH, 2008). Apesar disso, diversos autores têm relatado a instalação imediata de implantes em alvéolos frescos, justificando a opção por essa modalidade de tratamento, a redução no tempo de tratamento e no custo do procedimento, a preservação da altura, espessura óssea alveolar e a dimensão do tecido mole, promovendo um contato osso-implante (IRINAKIS, 2006).
As indicações para extração e instalação de implante imediato são: dentes com falhas irreversíveis no tratamento endodôntico, dentes com doença periodontal avançada, fraturas radiculares e cáries avançadas abaixo da margem gengival (TABATA et al., 2011).
Alguns fatores são considerados determinantes para a obtenção de resultados positivos no tratamento com implantes instalados imediatamente em alvéolos frescos como a preservação das margens ósseas do alvéolo durante a extração, a estabilidade primária do implante na porção apical ou ao longo das paredes do alvéolo, o cuidadoso controle do retalho tecidual ou ausência do rebatimento, o fechamento estreito adaptado ao pescoço do implante e o meticuloso controle de placa por todo o período de cicatrização (SARTORI et al., 2008).
Mesmo nos casos em que se procura realizar uma exodontia com o menor dano possível ao tecido ósseo, a própria condição anatômica do elemento dental removido pode levar o rebordo a grandes reabsorções. Assim, muitas das exodontias resultam em defeitos ósseos e teciduais que necessitam materiais para a sua melhora (DINATO; NUNES, 2006; SARTORI et al., 2008).
Estudos realizados sobre osseointegração têm demonstrado que essa colocação imediata de implantes em alvéolos de extração pode oferecer vantagens sobre o protocolo clássico, possuindo o potencial de aumentar a aceitação do procedimento pelo paciente (TABATA et al., 2011).
A técnica da Regeneração Óssea Guiada (ROG) pode ser definida como um tratamento cirúrgico para a correção de defeitos ósseos no periodonto de inserção, que utiliza uma proteção por meio de barreira física ou membrana sobre o defeito periodontal (DAHLIN, 1988). Dessa forma, evita-se que células epiteliais e conjuntivas da lâmina própria entrem em contato com a superfície radicular dentária e impeça o usual reparo do periodonto de inserção (SCANTLEBURY, 1993; SILVA et al., 2000).
Vários materiais aloplásticos são considerados biocompatíveis e utilizados em diferentes tipos de cirurgias para contenção de tecidos, como as telas de titânio ou polipropileno. Assim, a literatura propôs vários tratamentos para corrigir essa deficiência, como a utilização de biomateriais e membranas para recobrir a superfície do implante exposta. É fato concebido que os biomateriais atrelados à utilização de uma membrana conseguem estimular a formação e/ou manutenção do tecido ósseo alveolar ao redor dos implantes (SOARES; PEREIRA; LUIZ, 2009; TABATA et al., 2011; THOMÉ ET AL., 2011).
A utilização de uma barreira física tem como finalidade isolar a área a ser regenerada, permitindo que haja a formação, organização e transformação de um coágulo sanguíneo em tecido de granulação, que posteriormente será substituído por tecido ósseo. Por meio da regeneração óssea guiada com o uso de membrana não absorvível, é possível a neoformação óssea mantendo as dimensões ósseas, ou reduzindo a gravidade dos defeitos causados nos tecidos ósseos após uma exodontia, atuando como verdadeiras barreiras (IRINAKIS, 2006; SARTORI et al., 2008).
Vários tipos de barreiras têm sido descritos para uso na cavidade oral, como de ouro, mamona e politetrafluoretileno (AYDOS et al.,1999; BUSER; DAHLIN; SCHENK, 1996). Existem diversos materiais aloplásticos considerados biocompatíveis e que têm sido utilizados em diferentes procedimentos cirúrgicos para contenção de tecidos, como as telas de polipropileno (RAMOS, 2002).
Barreiras de polipropileno em forma de telas já são de uso corrente em medicina e esse material é considerado biocompatível e sem efeitos inflamatórios deletérios ao organismo. Seu uso na cavidade oral contribui para reter o coágulo sanguíneo e regenerar o rebordo alveolar (SALOMÃO; SIQUEIRA, 2010).
Quando um alvéolo é isolado por uma barreira de polipropileno do restante dos tecidos conjuntivo e/ou mucoso, o próprio coágulo sanguíneo é responsável pela regeneração óssea e pela manutenção tridimensional do rebordo desdentado, propiciando assim uma reabilitação muito mais previsível (NESI; DE OLIVEIRA; MOLINA, 2013).
A barreira Bone Heal® exposta ao meio bucal não tem necessidade de material de enxerto dentro do alvéolo. Casos clínicos relatados na literatura mostram a viabilidade para a aplicação da cavidade bucal, contribuindo para reduzir a morbidade de cirurgias maiores e mais traumáticas, sendo o uso deste material altamente promissor em implantes imediatos, pois não há necessidade de liberação de grandes retalhos cirúrgicos e somente o sangue deve preencher o local a ser regenerado. (SALOMÃO; SIQUEIRA, 2010).
O crescente desenvolvimento tecnológico da implantodontia contemporânea apresenta aos profissionais da área odontológica um desafio, que consiste na busca de uma arquitetura gengival estética que satisfaça os objetivos do profissional dentro do planejado e, também, o resultado esperado pelo paciente que é submetido a esse tipo de tratamento (IRINAKIS, 2006). Desta forma, esse trabalho tem como principal objetivo relatar um caso clínico em que se realizou cirurgia de exodontia para a instalação de implante imediato e colocação simultânea de uma membrana de polipropileno.