Resumo
O tratamento de intrusão dentária é um dos mais desafiadores dentro da ortodontia, mesmo em simples casos de correção da extrusão dentária por perda do antagonista. Essa complexidade está atrelada à dificuldade em controlar movimentos indesejáveis nos elementos utilizados como ancoragem e também de realizar apenas o movimento de intrusão, sem a inclinação do elemento em intrusão (ARAÚJO et al., 2008; de ALMEIDA; de ALMEIDA; de ALMEIDA-PEDRIN, 2004). Certamente, se mal controlado, é um movimento que pode causar reabsorção no ápice (de ALMEIDA; de ALMEIDA; de ALMEIDA-PEDRIN, 2004).
O movimento de intrusão ortodôntica requer atenção quanto à magnitude das forças aplicadas independente de fatores como o tipo de dispositivo, o ponto de aplicação da força, dentre outros (BENEDICTO et al., 2011).
Na literatura, são observadas diversas técnicas de intrusão com resultados satisfatórios, tanto por meio de aparelhos extra como intraorais (BURSTON, 1977; de ALMEIDA; de ALMEIDA; de ALMEIDA-PEDRIN, 2004; AYDOGDU; OZSOYB, 2011; BENEDICTO et al., 2011). Porém, a maioria delas depende da colaboração do paciente ou envolve um desconforto físico e/ou estético (ARAÚJO et al., 2008).
Neste contexto, uma excelente alternativa é a utilização dos mini-implantes (ARAÚJO et al., 2008). Devido à sua estabilidade rígida no osso, implantes são unidades de ancoragem óssea que não são dependentes da colaboração do paciente (DEGUCHI et al., 2003).
Considerando a mecânica de intrusão dos dentes anteriores, é de primordial importância que se utilizem forças de baixa magnitude e longa duração para que, no movimento de intrusão, não ocorra reabsorção radicular extensa (de ALMEIDA; de ALMEIDA; de ALMEIDA-PEDRIN, 2004). A intrusão na região posterior é um movimento mais difícil de ser obtido devido ao maior volume radicular dos molares e pré-molares, o que proporciona maior reação do osso alveolar e maior tempo de tratamento (ARAÚJO et al., 2008).
A utilização de implantes para tratamento ortodôntico vem sendo aplicada como método de ancoragem ortodôntica (KYUNG et al., 2003; KIYOSHI et al., 2013), permitindo a movimentação de dentes que seriam impossíveis com o tratamento ortodôntico convencional (NAMIUCHI JUNIOR et al., 2013).
Os tratamentos com implantes possuem a vantagem da ancoragem absoluta, ou seja, não geram movimento do elemento de ancoragem (KIYOSHI et al., 2013; MARASSI et al., 2005).
Dentre as principais indicações dos mini-implantes estão: pacientes com número insuficiente de dentes para a aplicação de ancoragem convencional, e se aplicadas forças, as mesmas gerariam efeitos secundários adversos; pacientes com necessidade de movimentos dentários assimétricos em todos os planos de espaço; e, em alguns casos, como alternativa à cirurgia ortognática (MELSEN; COSTA, 2000).
É de fundamental importância que o indivíduo candidato à instalação de mini-implantes passe por uma anamnese para verificar possíveis contraindicações (MARASSI et al., 2005).
Os mini-implantes são, na sua maioria, fabricados a partir de ligas de titânio, e concebidos para serem carregados logo após a inserção (MELSEN; COSTA, 2000). São elaborados por compostos de titânio grau V, que possuem uma menor pureza, evitando assim, a osseointegração (CONSOLARO et al., 2008), pois, se mesma ocorrer, dificulta a remoção ou aumenta chances de fratura do mini-implante.
A estabilidade dos mini-implantes se dá, principalmente, por retenção mecânica, podendo receber as cargas imediatamente à instalação do implante (AKIN-NERGIZA et al., 1998; DAIMARUYA et al., 2003; CONSOLARO; ROMANO, 2014).
Para o sucesso da ancoragem ortodôntica por mini –implantes é importante a escolha de um sítio de ancoragem adequado (CONSOLARO; ROMANO, 2014). Os sítios mais utilizados, principalmente por sua facilidade de acesso, são a porção vestibular e palatina do processo alveolar na maxila e a porção vestibular do processo alveolar na mandíbula (LUZI; VERNA; MELSEN, 2009).
Apesar da técnica de ancoragem por mini-implantes apresentar vantagens, ela não está livre de complicações como: fratura do mini-implante por força excessiva do operador, infecção e inflamação do tecido peri-implantar, perfuração da raiz, contato do mini-implante com o ligamento periodontal e mobilidade ou deslocamento do mesmo (MARASSI et al., 2005).