Resumo
A reabilitação da maxila posterior com implantes dentais é considerada um desafio. A reabsorção do osso alveolar e a pneumatização da cavidade sinusal tornam mais difícil a instalação de implantes para suportar próteses dentárias.
Diversas opções de tratamento têm sido utilizadas na maxila posterior para contornar o problema da quantidade inadequada de osso. A opção mais conservadora de tratamento seria a de instalar implantes curtos para evitar a entrada na cavidade sinusal. Outra maneira de evitar a enxertia no seio maxilar seria instalar implantes inclinados em uma posição mesial ou distal à cavidade sinusal, desde que essas áreas possuam quantidade mínima de osso remanescente (PJETURSSON, 2009), ou ainda a instalação de implantes zigomáticos.
Uma outra opção de tratamento é a elevação da membrana sinusal (TETSCH; TETSCH; LYSEK, 2010). Este procedimento pode ser realizado via janela lateral, ou por meio de uma abordagem via crista alveolar. A abordagem do assoalho sinusal via crista alveolar com subsequente instalação de implantes foi descrita, pela primeira vez, por TATUM JUNIOR (1986). SUMMERS (1994) descreveu uma alteração da técnica descrita por Tatum, utilizando osteótomos de forma escalonada com diâmetros progressivos. Com esta técnica, o osso é preservado e é compactado pelo osteótomo, enquanto a membrana sinusal é elevada. Após a elevação da membrana, enxertos ósseos autógenos, xenógenos ou alógenos são adicionados para aumentar o volume abaixo da membrana (ROSEN et al., 1999).
Atualmente, dois procedimentos principais de elevação do assoalho sinusal para instalação de implantes são utilizados: (1) a técnica de dois estágios, usando o acesso da janela lateral; e (2) a técnica de um estágio, usando o acesso lateral ou o acesso pela crista. A decisão de usar a técnica de um ou de dois estágios é baseada na quantidade de osso residual disponível e na possibilidade de alcançar estabilidade primária para os implantes instalados (SOARDI et al., 2013).
Anatomicamente, o seio maxilar possui forma piramidal. O seio possui uma porta de drenagem alta, em sua parede medial, denominada óstio maxilar, que se abre na cavidade nasal entre as conchas nasais média e inferior. O seio maxilar mantém seu tamanho global enquanto os dentes posteriores estão em função. Quando os dentes posteriores são perdidos, o seio se expande. Este fenômeno é provavelmente resultado da atrofia causada pela redução das tensões oclusais.
O seio maxilar é revestido com epitélio respiratório (epitélio colunar pseudo-estratificado ciliado) que recobre um tecido conjuntivo isolado, altamente vascularizado. Abaixo do tecido conjuntivo, imediatamente próximo às paredes ósseas do seio, está o periósteo. Essas estruturas (epitélio, tecido conjuntivo e periósteo) são denominadas membranas de Schneiderian.
O suprimento sanguíneo do seio maxilar é derivado principalmente da artéria maxilar. O assoalho do seio recebe suprimento sanguíneo das artérias palatinas maiores/menores e das artérias esfenopalatina (TETSCH; TETSCH; LYSEK, 2010).
O fato da abertura do seio maxilar para a cavidade nasal não estar na porção inferior do mesmo, permite a elevação do seio maxilar, uma vez que o procedimento de enxerto não interfere com a função normal do seio.
Elevação do assoalho sinusal com acesso pela crista óssea
Uma modificação da técnica de SUMMERS (1994) foi proposta, em que acrescenta-se um enxerto ósseo abaixo da membrana sinusal. Apesar desta técnica ser considerada conservadora, a desvantagem é a incerteza da possível perfuração da membrana sinusal. Porém, um estudo endoscópico mostrou que o assoalho sinusal pode ser elevado até 5 mm sem perfuração da membrana (ENGELKE; DECKWER, 1997).
Dentre as indicações da técnica, podemos citar a presença de um assoalho sinusal plano, com altura residual de, no mínimo, 5 mm, e espessura óssea suficiente para instalação dos implantes. Em relação às contraindicações, pode-se destacar pacientes com história de complicações do ouvido interno e vertigem posicional. Seios maxilares muito oblíquos também não são indicados para a técnica do osteótomo, devido ao grande risco de perfuração da membrana sinusal pelas extremidades afiadas do osteótomo (SUMMERS, 1994).