Resumo
Os ossos do complexo maxilo-mandibular são comummente afetados por lesões osteolíticas, com uma prevalência maior em mandíbula. Muitas vezes são um achado radiográfico em exames radiográficos ou tomográficos de rotina. Podem variar de tamanho, mas por serem lesões onde os pacientes geralmente não apresentam nenhuma queixa álgica, podem causar grandes deformidades faciais.
O queratocisto odontogênico é uma dessas lesões. Essa lesão já teve algumas alterações em sua nomenclatura devido a constantes reavaliações realizadas pela própria Organização Mundial da Saúde e devido a muitos artigos terem-na estudado e a compreendido melhor. Muito conhecido como queratocisto odontogênico, essa denominação foi alterada de tumor odontogênico queratocístico para queratocisto odontogênico em 2017.
Trata-se de uma lesão intraóssea, benigna que pode ter relação com algum dente, embora essa presença não seja imprescindível para o aparecimento da lesão. Mais comuns em pacientes do sexo masculino e com predisposição a melanodermas, na faixa etária de 20 a 40 anos de idade. Apresentam um aspecto que pode ser uni ou multilocular com a presença de outras lesões menores ao redor, chamados de “cistos-satélite” ou “cistos-filhos”. Esses cistos ao redor da lesão são um dos principais responsáveis pela relativa taxa de recidiva (60%) e o imperativo de um tratamento cirúrgico mais agressivo; lesão com alta capacidade de destruição tecidual e bastante agressiva. Apresenta um conteúdo característico com aspecto de queijo cremoso, porém a simples presença desse conteúdo não pode ser interpretada como conclusiva no diagnóstico final da lesão, a mesma sempre deverá ser encaminhada para exame anátomo-patológico para confirmação.
Nos casos onde os pacientes jovens apresentam múltiplas lesões com essas características radiográficas existe a necessidade de uma avaliação complementar para descartar a hipótese diagnóstica de síndrome de Gorlin-Goltz ou síndrome de Ehlers-Danlos.