Resumo
A busca para um tratamento reabilitador que envolve a necessidade de enxerto ósseo aposicional cada vez mais tem como foco não somente a função, mas principalmente, a estética, trazendo a necessidade de mais conhecimento das técnicas cirúrgicas e de conceitos estéticos.
Fatores que geralmente influenciam no planejamento cirúrgico, são: a otimização da estética e também a obtenção de vantagens biomecânicas (Mazzoneto, 2009).
A reabsorção do rebordo alveolar na região anterior da maxila, geralmente se inicia pela presença de uma parede vestibular muito delgada, devido à perda dos dentes naturais e ausência dos ligamentos periodontais. Diminuindo o volume e altura da maxila anterior, dificultando ou impedindo a instalação de implantes. (de Costa et al, 2010; Pelegrine et al,2010).
O tratamento de defeitos congênitos e de necessidades de reconstrução óssea é realizado na maioria dos casos por meio do enxerto ósseo. Várias técnicas e materiais de enxerto são descritas para tratamento de atrofias e reabsorções ósseas alveolares (Graciazine et al,2004).
Os enxertos ósseos utilizados em reconstruções aposicionais demandam qualidade estrutural, potencial osteoindutor, osteocondutor e, se possível, osteogênico (Zimmermann et al., 2001; Markel et al., 2012).
Os enxertos autógenos são considerados como padrão ouro, por possuírem características genéticas; a osteogênese é uma propriedade exclusiva do enxerto autógeno. Embora o enxerto possa ser rapidamente transplantado para área receptora, os osteócitos morrem, deixando uma lacuna vazia na estrutura óssea; no entanto, uma pequena proporção de pré-osteoblastos e pré-osteoclástos podem sobreviver no enxerto.
Na osteocondução, além da capacidade de trazer células vivas, o enxerto autógeno se comporta como um arcabouço, pois possui uma estrutura em seu esqueleto que facilita a migração de capilares e células do leito receptor para se diferenciarem dentro desta estrutura calcificada. Já na osteoindução, à medida em que o enxerto ósseo é vascularizado e remodelado pelas células oriundas do leito receptor, a liberação de fatores de crescimento da matriz de osso enxertado, é capaz de induzir a transformação de células indiferenciadas em situações onde normalmente não ocorre.
O objetivo deste trabalho foi aumentar o volume ósseo para instalação de implantes, restabelecendo, assim, a função e a estética associando ao aspirado da medula óssea.
A utilização do aspirado de medula óssea, apesar de resultar em um número menor de células tronco mesenquimais adultas, quando comparada às técnicas de concentração e cultura celular, vem sendo utilizada conjuntamente a procedimentos de enxertia óssea devido à facilidade de execução técnica, rapidez transoperatória, rápida recuperação do paciente e está associada a uma menor morbidade.
Smiler & Soltan (2006) descrevem uma técnica para a obtenção de células estaminais adultas a partir de aspirado de medula óssea. Relatos de casos mostraram como este procedimento pode substituir o padrão ouro para enxertos ósseos com a obtenção de células-tronco.
As pesquisas mostram que o aspirado de medula óssea e o transplante de células-tronco adultas dentro de uma matriz reabsorvível para enxertos ósseos é considerada de padrão platina.
Apesar de existirem várias vantagens de se usar o aspirado de medula óssea, pois a sua técnica é simples e não é necessária um segundo local de cirurgia, evitando assim, a mobilidade pós-operatória.
O uso de células-tronco mesenquimais provenientes da medula óssea, associado a arcabouços mecânicos para a regeneração óssea, reduziu a necessidade de remoção de enxertos autógenos e, consequentemente, a morbidade pós-operatória (Kawaguchi et al., 2004; Hasegawa et al., 2006).
Diante esse fato, essas células tem a capacidade de se diferenciar em outros tecidos e se transformar pelo potencial de regeneração, e auto-renovação e especificidade. A auto-renovação é a capacidade que as células-tronco têm de proliferar, gerando células idênticas à original (outras células-tronco). O potencial de diferenciação é a capacidade que as células-tronco têm de, quando em condições favoráveis, gerar outras células.
Estes aspectos aliados à presença de outros fatores de crescimento, juntamente com as células osteogênicas, fazem com que o processo de concentração da fração de células mononucleares da medula óssea por centrifugação repercuta na obtenção de um micro-ambiente favorável à proliferação e diferenciação celular (Hamanishi et al., 1994; Pelegrine et al., 2014).
A técnica de concentração da fração de células mononucleares da medula óssea por meio de centrifugação, quando comparada ao uso da medula óssea fresca, além de não demandar a espera de várias semanas após coleta, como no caso da cultura de células, repercute em maior número de células mononucleadas e, também, de mais unidades formadoras de colônias fibroblásticas (Sauerbier et al., 2010; Yamada et al., 2008; Sakai et al., 2008; Kim et al., 2009).